Se existe um artigo que valoriza em ano que antecede eleição para governador é o passe do prefeito municipal. Os pré-candidatos estendem tapete vermelho e prometem todo tipo de ajuda ao mandato que nem completou três meses. Em Goiás, especialmente, o assédio tem sido maior em função dos recursos (R$ 1 bilhão) obtidos com a privatização da Celg. Relato de um prefeito de oposição, que pediu para não ter o nome revelado, na manhã desta quarta-feira: “Não imaginava receber tamanha bajulação em audiências e contatos telefônicos. Se 30% das promessas se concretizarem, já estará de bom tamanho”, brincou.
Outros colegas administradores não escondem a desconfiança com o tratamento especialíssimo. Sabem da importância de um aliado em campanha eleitoral, mas estão surpresos com o tamanho da sedução governista e a reação de líderes oposicionistas. Nos últimos dias o vice governador José Eliton (PSDB) e o senador Ronaldo Caiado (DEM) têm travado intensa batalha pela mídia – e nos bastidores – a respeito das obras comprometidas e do apoio político que elas naturalmente desencadeiam. “É como se 2018 já batesse à porta enquanto ninguém sabe como o cenário nacional irá inferir em Goiás”, argumentou outro prefeito da base governista.
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Traumatizado com a safra de prefeitos perdida para Marconi no antigo PFL, Caiado já ocupou duas vezes a tribuna do Senado para protestar contra a meta do governador de filiar mais 20 prefeitos ao PSDB ainda no primeiro semestre deste ano. A força da máquina pública sempre fala mais alto, entretanto são muitos os exemplos de que maioria de prefeitos não é sinônimo de êxito eleitoral. O PMDB de Iris perdeu para o sentimento de mudança de Marconi, em 1998, com o apoio explícito de 180 administradores. Quando o povo quer, o povo renova. E não há prefeito bem avaliado que consiga frear essa tendência.
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