Por minha relação de décadas com o PMDB em Goiás, muita gente não compreendeu certas críticas que fiz ao presidente Michel Temer. Ele deixou a desejar por vários motivos, entre eles o pior: acreditar que uma bola relação com o Congresso Nacional poderia lhe blindar da escolha de más companhias no governo e de questionamentos éticos. O marido da Marcela apostou todas as fichas na governabilidade e deu de ombros para credibilidade, repetindo praticamente todos os erros cometidos por sua antecessora, Dilma Rousseff (PT). Temer não aprendeu a lição.
Em pleno desenrolar da Operação Lava Jato, com dezenas de amigos presos, um senhor de 75 anos, experiente na vida pública, imaginou que a cadeira de presidente da República funcionaria como escudo para proteger diálogos e transações nada republicanas. Temer esqueceu rapidamente da divulgação do áudio da conversa entre Dilma e Lula. E manteve relação íntima com empresários que fariam qualquer coisa para diminuir a pena por seus crimes. Nem o pequeno Michelzinho, aquele cuidado pela babá que recebe R$ 5 mil da presidência, seria tão inocente.
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Tenso, o presidente afirmou que não pretende renunciar. Bobagem. O único a defendê-lo com veemência nesta quinta-feira foi o fiel aliado Eliseu Padilha. Todos os demais estão pulando ou já pularam do barco governista. O apoio político era a única corda que segurava Michel Temer no Palácio do Planalto. Sem popularidade e credibilidade, o que lhe restou foi o direito de espernear. Um triste fim para quem não acreditou que os tempos mudaram na República Federativa do Brasil.
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