No dia 27 de janeiro, o Palmeiras comemorou o 20º aniversário da estreia de um dos maiores ídolos de sua história recente. O atacante Edmundo Alves de Souza Neto (*Niterói-RJ, 02/04/1971), ou só Edmundo, defendeu o Palmeiras em duas ocasiões, a primeira delas de 1993 a 1995. Mais tarde, já veterano, Edmundo trouxe de volta a alegria ao Palestra Italia, onde permaneceu entre 2006 e 2007.
Os torcedores mais novos, que tiveram a oportunidade de acompanhar a carreira de Edmundo, afirmam que ele foi o maior (e mais polêmico) camisa 7 da história do Palmeiras. Já os mais antigos não descartam que o animal esteja no topo, porém, ao lado de Julio Botelho e Edu Bala, é claro.
Início
No início de 1993, o clima dentro das dependências do Palmeiras era benéfico. Recentemente, o Verdão havia firmado um acordo com a multinacional italiana Parmalat que, naquele início de temporada, investia pesado em reforços junto à diretoria do Palmeiras. Além de Edmundo, o lateral-esquerdo Roberto Carlos, o zagueiro Antônio Carlos e o meia Edílson também eram craques recém-contratados. Logo de cara, estes novos componentes do grupo se uniram aos jogadores que eram uma espécie de espinha dorsal na conquista do vice-campeonato paulista no ano anterior: os goleiros Sérgio e Velloso, os meias Zinho e César Sampaio e o centroavante Evair, o matador. Com esta nova formação, o elenco do Verdão chegou a ser comparado com os timaços dos anos 60 e 70 (que ganharam o apelido de Primeira e Segunda Academia, respectivamente). Assim, nascia uma espécie de Terceira Academia.
Estreia
Sob comando do então treinador Otacílio Gonçalves, o Palmeiras deu início à temporada de 1993 no dia 27 de janeiro, com uma vitória diante do Marília por 2 a 1, em partida válida pelo Campeonato Paulista. Naquela noite de quarta-feira, o jogador Catatau (Marília) abriu o contador. Em seguida, Evair e César Sampaio, de virada, garantiram a vitória do Verdão. Já em sua estreia, portanto, Edmundo degustou o sabor especial da vitória, a primeira das exatas 125 que teria vestindo a camisa do Palmeiras ao longo do tempo.
Fim da Fila
Com o advento do esquadrão de 1993, o Verdão se manteve esperançoso desde o início para quebrar o jejum de títulos que, até ali, já durava quase 16 anos. Curiosamente, o Palmeiras sagrou-se campeão logo na primeira competição disputada naquele ano, vencendo o Campeonato Paulista. Não se pode ignorar os méritos dos outros jogadores, mas Edmundo foi imprescindível para a conquista do Paulistão, título que tirou o Palmeiras da fila. Naquele Campeonato Paulista, o Verdão venceu todas as partidas em que Edmundo balançou as redes adversárias (10 jogos).
Ídolo do Palmeiras
Pouco tempo depois de tornar-se jogador do Verdão, Edmundo logo caiu nas graças da torcida. O atacante, à época, era um dos jogadores que mais estava na mídia (tanto pelo seu futebol quanto pelas polêmicas em que se envolvia fora dos gramados). Foi em São Paulo que Edmundo ganhou o apelido que levaria por toda a carreira: Animal. O locutor esportivo Osmar Santos escolhia o “animal” de cada rodada, ou seja, o melhor jogador. Devido ao seu temperamento arredio e o costume de levar cartões vermelhos, a torcida palmeirense identificou-o com o apelido, passando a gritar o famoso coro nas arquibancadas: “Au au au, Edmundo é animal”.
A personalidade forte dentro de campo, muitas vezes exagerada, já lhe rendeu alguns problemas com colegas de profissão, além de punições. Nada que apagasse o brilho de seu futebol. Campeão Paulista em 1993, o camisa 7 faturou também, naquela temporada, nada menos que o Torneio Rio-São Paulo e o Campeonato Brasileiro. No ano seguinte, em 1994, o atacante chegou ao bicampeonato Paulista e Brasileiro com o Verdão. Em 1995, já desgastado pelas constantes brigas com alguns de seus companheiros de time (Rincón, Evair, Antônio Carlos e o técnico Wanderley Luxemburgo), o jogador acabou se transferindo para o Flamengo, após receber uma tentadora proposta do clube rubro-negro, que investia pesado no ano de seu centenário. A saída de Edmundo não foi das mais amigáveis, pois, mesmo envolvido frequentemente em brigas com o grupo, Edmundo ainda havia recebido da diretoria palmeirense uma proposta de renovação, por isso, muitos torcedores o acusaram de ser traidor. Mesmo assim, ao ir embora do Verdão, Edmundo acabou deixando saudades.
Em 2006, Edmundo retornava ao Palmeiras. Prestes a completar 35 anos, o jogador já veterano não escondeu seu sentimento pelo clube, dizendo abertamente à imprensa que, embora já não tivesse o vigor físico de antes, iria “jogar com muito mais amor à camisa”. “Percebi a besteira que fiz na minha vida quando deixei o Palmeiras”, admitiu à época. Entre 2006 e 2007, o Animal não conquistou títulos pelo Verdão, tudo o que conseguiu foi a vice-artilharia do Brasileirão de 2007, após marcar 20 gols na competição. Em contrapartida, Edmundo formou dupla inesquecível ao lado do meia Valdivia, dando a cada jogo uma aula de futebol. Edmundo e Valdivia provocavam os adversários e, na maioria das vezes, cumpriam promessas de gols. Ao final de 2007, o eterno camisa 7 pendurava de vez as chuteiras no Palmeiras. Desta vez, só deixando saudade.
FICHA TÉCNICA DA ESTREIA
Data: 27/Janeiro/1993
Competição: Campeonato Paulista – 1º Turno
Local: Parque Antártica (São Paulo)
Árbitro: Edmundo Lima Filho
Público/Renda: 27.516 / Cr$ 1.506.465.000,00
Cartão Amarelo: João Luís, Júlio César e Catatau.
Expulsão: Miranda.
Gols: Catatau, aos 2 minutos do 1º tempo; Evair, aos 22, e César Sampaio, aos 25 minutos do 2º tempo.
Palmeiras: Velloso; João Luís (Maurílio), Antônio Carlos, Edinho Baiano e Roberto Carlos; César Sampaio, Mazinho e Edílson; Edmundo (Jean Carlo), Evair e Zinho.
Técnico: Otacílio Gonçalves.
Marília: Júlio César; Amauri, Miranda, Cavalcante e Aílton; Tosin, Edílson e Nei (Cássio); Catatau, Vlademir e Guilherme.
Técnico: José Carlos Serrão.
NÚMEROS DE EDMUNDO NO PALMEIRAS
Jogos: 223
Vitórias: 125
Empates: 50
Derrotas: 48
Gols: 99
TÍTULOS DE EDMUNDO PELO VERDÃO
Campeonato Paulista: 1993 e 1994
Campeonato Brasileiro: 1993 e 1994
Torneio Rio-São Paulo: 1993
Troféu Athiê Jorge Couri: 1993
Torneio Brasil-Italia: 1994
Copa Lev Yashin: 1994
Taça Reggiana: 1993
Copa Nagoya: 1994
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