A politicagem e o drama dos sem-teto na tevê
Se a vida já nos ensina a desconfiar de parente interessado e morador de rua que pede um trocado, imagine de invasor de área pública. Todo cuidado é pouco. Quem viu a imagem das famílias retiradas de um terreno no Parque Atheneu, na última terça-feira, dormindo ao relento em uma praça deve ter ficado com o coração partido. Mas as aparências enganam. Aquele mesmo grupo, mantido pela indústria da invasão profissional, ocupava a área pela quarta vez em um ano. Os moradores do bairro e servidores da Prefeitura de Goiânia sabem, porém evitam polêmica, que a ação tem o dedo de um político de grande influência na região.
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Início, meio e fim da invasão
O resto é conversa pra boi dormir. Salvo raras exceções de quem realmente necessita, os cadastrados geralmente são oriundos do Maranhão, Tocantins, Pará, Piauí e não têm onde morar. “Brotam” em Goiânia com uma facilidade ímpar, principalmente em ano eleitoral e diante da perspectiva de vitória do então candidato Iris Rezende, apaixonado confesso pela construção de moradias “para os mais pobres”. Invasão de área pública todo mundo sabe como começa – articulação e interesse político – mas ninguém sabe como termina. Eis a diferença entre o desfecho do caso Parque Oeste Industrial, em 2005, e o do Parque Atheneu em 2017.
Histórias com desfechos distintos
Doze anos atrás a situação fugiu do controle por clara omissão dos poderes públicos municipal (Pedro Wilson) e estadual (Marconi Perillo), culminando em morte e dezenas de feridos no momento da desocupação. Desta vez tudo terminou com dezenas de barracos demolidos e incendiados, sob a ação contundente da Guarda Municipal e demais servidores envolvidos.
Moradores do Parque Atheneu e a imensa maioria da sociedade goianiense aplaudiram a retirada das 160 famílias daquela área pública, fator que pelo menos inibe outras ações semelhantes. Se não é possível coibir a politicagem em invasões desta natureza, a balbúrdia e o jogo de cena podem ser minimizados. Ainda mais quando o legítimo drama de pessoas humildes, entre elas crianças e idosos, é utilizado como estratégia eleitoral.
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