Sombras continuam atormentando Michel Temer
Justamente no período em que a equipe econômica do Governo Federal, capitaneada pelo goiano Henrique Meirelles, anuncia os primeiros sinais de reversão da crise que atinge o país, o presidente Michel Temer voltou a disparar contra o próprio pé. Coletiva após coletiva, o peemedebista não consegue se distanciar de temas que arranham sua imagem: ora Michelzinho, o filho; ora Marcela, a esposa; ora Norma, a sogra; ora ministros investigados, amigos de longa data.
Resposta estabanada
Se demorou quase uma semana para manifestar-se oficialmente sobre a crise na Segurança Pública do Espírito Santo, Temer sempre é rápido no gatilho para opinar sobre assuntos que lhe martelam a cabeça. E a Operação Lava Jato é o principal deles. O posicionamento desta segunda-feira, no Palácio do Planalto, mais representou uma resposta estabanada à matéria de capa da última edição da Revista Veja – alertando sobre hipotética articulação para frear a Lava Jato – do que um respaldo sincero e transparente às investigações.
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Chantagem e encenação
Falta firmeza ao presidente Michel Temer. Aquela palavrinha mágica chamada convicção em seus atos e discursos. Algo que sobrou ao governador capixaba Paulo Hartung e ao ministro da Defesa Raul Jungmann na semana passada. Ambos foram diretos e objetivos no recado aos policiais militares do Espírito Santo: chantagem, anarquia e encenação de mau gosto sintetizaram os adjetivos utilizados para definir o movimento. Receberam aplausos da sociedade brasileira pela defesa da ordem e da cidadania, prerrogativas básicas na cartilha do homem público.
Gestor das hesitações
A condição em que assumiu as rédeas do governo – impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) – faz de Temer um gestor dominado por hesitações, sempre “pisando em ovos”. Já passa da hora de uma ampla guinada na postura do peemedebista, afinal o ambiente político lhe permite ir mais além. A reversão da crise financeira, mesmo lentamente, também contribuirá muito neste sentido. A principal dúvida, entretanto, recai sobre os desdobramentos policiais e jurídicos das operações em curso. Procura-se um presidente da República que não tenha medo da própria sombra, ou pior, das sombras de terceiros.
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