Shows milionários: execração para quem paga e para quem recebe
Pense rápido e responda qual a necessidade dos cantores Gusttavo Lima e Cláudia Leitte exibirem dois “t’s” em seus nomes artísticos? Acertou quem compreendeu o significado da provocação: um Tapa na Testa do cidadão que paga seus impostos regularmente e não aceita gastos abusivos com dinheiro público no país. Se governos estaduais ignoram urgências e prioridades da rotina administrativa, como vai acontecer nas festas de réveillon em Goiás e no Ceará, os artistas contratados teriam a obrigação de cobrar um valor justo pelos shows. Gusttavo e Claudinha irão abocanhar, respectivamente, R$ 1 milhão e R$ 880 mil.
Sem justificativa
Preços surreais, dignos de investigação da Polícia Federal. As carreiras dos dois artistas andam tão sonolentas que seus cachês oficiais não passam de R$ 100 mil. Qual justificativa plausível para se cobrar oito, dez vezes mais? Simplesmente não existe. Aluguel e montagem de palco, incluindo outros equipamentos, são incluídos em licitação complementar. Fonoaudiólogos, até o momento, não descobriram risco para a voz de quem se apresenta nos minutos que antecedem a virada do ano. Ironia à parte, a saraivada de críticas deveria atingir quem paga e quem aceita tamanha aberração.
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E ainda tem a Lei Rouanet
Cachê estratosférico e injustificável, aliás, é contagiante. Leonardo, Eduardo Costa, Zeca Pagodinho, Wesley Safadão e uma lista interminável de cantores integram o “grupo do milhão”, artistas que sequer ficam vermelhos quando recebem em suas contas valores absurdos para a realidade financeira do país. Jurada do The Voice Brasil e figurinha carimbada na programação da Rede Globo, Cláudia Leitte ainda está sendo cobrada a devolver R$ 1,2 milhão por uso indevido de recursos da Lei Rouanet, mecanismo federal de incentivo à cultura. Chico Buarque também enfrenta desgastes pelo mesmo procedimento.
Conchavos do poder
São esses renomados artistas, senhoras e senhores, que não se cansam de empunhar microfones para condenar governantes e parlamentares por mazelas com recursos públicos. Fazem aquele proselitismo em programas de rádio e televisão – um dos preferidos é o Domingão do Faustão por causa dos rompantes políticos do apresentador – e depois autorizam seus empresários a participarem de acordos nada republicanos. A opinião pública costuma criticar basicamente os políticos pela estratégia do “pão e do circo”, mas atores e cantores não ficam atrás: aceitam, incentivam e se beneficiam dos conchavos do poder.
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