Sociedade do caos – Em uma semana marcada por tragédias e momentos históricos – entre eles a morte do ministro Teori Zavascki (STF), relator da Operação Lava Jato, e a posse do presidente americano Donald Trump – uma frase do diácono Ramon Curado, da Pastoral Carcerária da Diocese de Goiânia, ao jornal “O Popular” definiu bem o rumo da humanidade. “Se houvesse uma sociedade protetora dos homens como há uma protetora dos animais, a situação não chegaria ao ponto que está”.
POG apresenta cenário sombrio
O alerta de Curado se refere ao surto de sarna entre os quase 2 mil presos da Penitenciária Odenir Guimarães, no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia. Medicamentos estão sendo distribuídos para controlar a situação, mas a sarna é apenas um desdobramento na realidade de doenças que humilham os detentos. Tuberculose, pneumonia e Aids completam o cenário sombrio de um local construído na década de 1960 e que hoje comporta o triplo da capacidade para 650 presos. O prédio, aliás, nunca recebeu uma reforma e exatamente por isso apresenta condição sanitária insatisfatória.
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A Penitenciária Odenir Guimarães segue o mesmo modelo desumano de Alcaçus (RN) e dezenas de outros presídios Brasil afora, legítimas bombas-relógio quando a prioridade deveria ser saúde e segurança. Além dos frequentes riscos de rebeliões e confronto entre facções, há entre voluntários e religiosos a preocupação básica da higiene durante contato com os detentos. Nenhum procedimento pode ser realizado sem o uso de luvas, máscaras e álcool. Comparativamente, o exemplo do diácono vem a calhar. Nem com animais é necessária tamanha precaução.
Barril de pólvora
Ninguém sabe ao certo quantos barris de pólvora ainda serão necessários explodir para que haja uma guinada no atual modelo penitenciário do país. Enquanto isso boa parte da sociedade finge não enxergar o caos passeando com seus bichos em condomínios fechados. Sonham, em vão, com muros intransponíveis. Quem dera fosse tão simples mascarar a realidade da violência e da desigualdade nacional.
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