Há mais de uma década o Goiás Esporte Clube discute a construção de uma arena esportiva multiuso na área onde hoje está localizado o Estádio da Serrinha. Seus dirigentes apostam alto no projeto, mas nunca conseguiram convencer empresários a dividirem o ônus da execução. Desta vez o presidente Sérgio Rassi, mesmo em período de grave crise financeira no país, acredita que tudo será diferente. O custo da Arena Goiás está estimado entre R$ 250 milhões e R$ 400 milhões, dependendo da abrangência da obra.
Palmeiras como referência
No clube, os mais realistas chamam o projeto de “um sonho de verão” por sempre ser discutido nos meses de dezembro e janeiro, período fértil para especulações por causa do intervalo no calendário oficial. Torcedores fanáticos podem argumentar que o novo estádio do Goiás potencializaria a entrada de recursos e aumentaria a visibilidade nacional do clube, consolidando sua identidade patrimonialista. A principal referência dos cartolas é o Palmeiras, atual campeão brasileiro.
A comparação, todavia, não é tão simples. O time paulista tem camisa e tradição, projeta atingir o terceiro lugar no ranking de maiores torcidas do país em curto prazo de tempo, além dos expressivos títulos nacionais e internacionais conquistados ao longo de sua história. Toda essa bagagem serviu como suporte para o Palmeiras levar adiante o ousado projeto de construção da sua moderna arena, cujo valor ultrapassou R$ 600 milhões.
É com base neste modelo de sucesso do clube paulista, estruturado com espaços para apresentações artísticas (inclusive grandes shows), atividades comerciais e gastronômicas, que o presidente Sérgio Rassi se espelha para dar o maior salto de qualidade na história do Goiás, tendo como base um dos endereços mais valiosos e cobiçados da capital.
Risco do “elefante verde”
Trata-se de uma aposta de alto risco. Caso consiga atrair parceiros e levar o projeto adiante – o clube depende do aval da Prefeitura de Goiânia em função da necessidade de um estudo do impacto acústico e da mobilidade urbana na região – Sérgio Rassi ainda pode entrar para a história como o presidente que queimou etapas ao construir um “elefante verde” no coração da cidade.
O abnegado torcedor esmeraldino sempre sonhou com um grande time, título de expressão nacional e na sequência um estádio à altura da tradição do clube na elite do futebol brasileiro. Priorizar o concreto antes de estrelas expressivas no escudo da camisa alviverde pode se transformar em enorme frustração no futuro. Hoje a realidade é uma só: título regional para o Goiás não passa de obrigação, enquanto brasileiro da Série A, ou mesmo Copa do Brasil, é utopia.
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