Carroceiros e até empresas de recolhimento de resíduos da construção civil buscam o caminho mais curto para se desfazerem de suas cargas. O local preferido é a Marginal Cascavel
Absurdo e desrespeito ao goianiense. Obra da Marginal Cascavel parada há 23 anos, trecho entre as avenidas T-63 e T-9, transformou-se em depósito clandestino de entulho da construção civil em uma das regiões mais nobres de Goiânia. Os resíduos são despejados à luz do dia e à vista de todos.
Os entulhos ameaçam o meio ambiente, em especial parte do Córrego Cascavel, e a qualidade de vida dos moradores do Jardim América e bairros vizinhos. Em alguns lugares, os danos são tão intensos que a vegetação nativa desapareceu.
Carroceiros e até empresas de recolhimento de resíduos da construção civil buscam o caminho mais curto para se desfazerem de suas cargas. A isso se somam os buracos e erosões que já engoliram boa parte do asfalto da Marginal Cascavel e avançam para as bases das pontes da T-63 e T-9.
O Folha Z percorreu o trecho denunciado pela comunidade local e encontrou muito lixo e buracos. No lugar onde devia haver homens e máquinas trabalhando, quem toma conta é o mato, entulhos e estruturas em aço que deveriam ser usadas para a construção da Marginal Cascavel. O Córrego sofre com erosões. Em alguns trechos há tubos de concreto desalinhados com o decorrer do tempo. Boa parte da obra sequer começou.
Quem mora nas proximidades do Córrego Cascavel nessa área em que a obra está afirma que a insegurança é o pior problema acarretado pela paralisação. Criminosos aproveitam a mata para se esconder e usar drogas. “Polícia não passa. Marginais usam crack embaixo da ponte e nos matagais. Estamos jogados, abandonados”, ressalta uma moradora.
Fogo em pneus
Outro problema é o aumento de animais e insetos. Para evitar que os bichos saiam da mata e entrem nas casas, a população coloca fogo em pneus, pois a fumaça espanta os bichos. “É lixo, é cavalo morto, é pedra desmoronando. Isso é uma falta de respeito”, afirma morador.
Moradores contam que os responsáveis pela sujeira são as empresas especializadas no transporte do material e a própria população, com carrinhos de mão ou carroças. Via de regra, o entulho se mistura ao lixo doméstico, a pneus, sofás e eletrodomésticos. O Serviço de Limpeza Urbana estima que são produzidas seis mil toneladas de entulho por dia, quantidade quatro vezes maior que do que o lixo urbano, estimado em duas mil toneladas por dia.
Administração omissa
O problema é antigo, segundo os moradores que acusam a administração da cidade de ser omissa. “Isso aqui tem cada ratazana que você não acredita. Direto tem gente aí atrás escondida usando droga. A administração nunca fez nada para resolver”, reclama o comerciante Glauco Borges, de xx anos. Motorista profissional, Eliseu Vieira, 53, preocupa-se com a insegurança. “Isso virou esconderijo de malandro, ponto de prostituição e uso de drogas. Dia desses veio uma pá carregadeira e empurrou o lixo mais para dentro do córrego”, denunciou.
Segundo a Prefeitura de Goiânia, não há data definida para reiniciar as obras da Marginal Cascavel e será enviada uma equipe para avaliar se as erosões comprometem a estrutura das pontes. A Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma) pede a colaboração da população para que o órgão fiscalize a disposição inadequada de entulhos. Ela orienta quem flagrar uma situação dessas a anotar a placa do veículo e fazer a denúncia à Linha Verde da Amma (telefone 161). Será que vai resolver muito?
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