A fala de Ciro Gomes (PDT) em Goiânia revela uma fase de reposicionamento estratégico do ex-ministro, que vive isolamento político crescente dentro do seu próprio partido e tenta reconstruir pontes em um cenário de perda de protagonismo nacional.
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Elogios a Caiado: sinal de aproximação ao centro
Ao elogiar Ronaldo Caiado (União Brasil), político de perfil conservador e aliado histórico da direita, Ciro acena para um público mais ao centro, distanciando-se da retórica anti-bolsonarista que marcou suas campanhas presidenciais.
Mesmo ao falar em “bolsonaro-dependência”, ele suaviza o tom, reconhecendo a eficiência administrativa e os resultados na segurança pública de Goiás, tema que sempre foi central em seu discurso.
Essa postura sugere que Ciro Gomes busca reconstruir credibilidade e diálogo com setores mais pragmáticos da política, onde o União Brasil atua com força.
Não por acaso, ele confirmou ter recebido convites para integrar a federação União Progressista (União Brasil + PP).
Comparação com o Ceará: crítica interna e desabafo político
Ao afirmar que seu estado “é dominado por facções criminosas”, Ciro atinge diretamente o PT cearense, que comanda o governo estadual há mais de 15 anos.
A crítica vai além da segurança pública: é uma denúncia de deterioração moral e institucional no grupo político que já foi aliado dele.
Ciro tenta mostrar que o Ceará se tornou o oposto de Goiás, simbolizando o fracasso de um modelo de gestão que ele ajudou a construir, mas do qual agora tenta se distanciar.
É também uma forma de reforçar a narrativa de que foi “traído” pela estrutura partidária do PDT e pelo PT local.
Discurso de desalento, mas também de ensaio de retorno
A frase “não pretendo incomodar o eleitor” indica cansaço, mas também cálculo político.
Ciro está testando o ambiente e medindo a receptividade de eventuais novas alianças.
Ao se declarar “infeliz no PDT” e insinuar saída, ele mantém seu nome em circulação, preparando terreno para uma possível mudança de legenda ou papel de articulador em projetos de centro.
Cenário simbólico: Goiás como vitrine
Escolher Goiás para essas declarações não é aleatório.
O Estado tem peso político, é reduto de Ronaldo Caiado, e serve como vitrine de gestão de direita com boa aprovação popular.
Ao reconhecer os méritos de Caiado, Ciro Gomes sinaliza que ainda pretende dialogar com o eleitorado que valoriza ordem, gestão e resultados, afastando-se do rótulo de “candidato da esquerda”.
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