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Mãos femininas que fortalecem o cooperativismo em Goiás

Cooperativa Floryá mostra como mulheres do campo transformam união e produção em desenvolvimento e segurança alimentar em Goiás

04, novembro, 2025
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Ihasminy Teixeira, presidente da Cooperativa Floryá | Foto: Ruber Couto

Ihasminy Teixeira, presidente da Cooperativa Floryá | Foto: Ruber Couto

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Leandro de Castro

Nas mãos de Ihasminy Teixeira, uma muda de hortaliça representa mais que o início de uma plantação.

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É a síntese de uma história que nasceu do solo goiano e floresceu da coragem feminina.

Entre suas palmas, repousa o símbolo de um movimento silencioso, mas transformador: o das mulheres do campo que encontraram, na união e no cooperativismo, a força para fazer brotar dignidade e futuro.

Da corretagem à colheita

Graduada em Direito e com uma década de experiência no mercado imobiliário de Goiânia, Ihasminy Teixeira viu sua vida mudar com a chegada da primeira filha.

Foi então que decidiu retornar à zona rural, buscando resgatar suas raízes, a simplicidade da infância e oferecer à filha a mesma conexão com a terra que a moldou.

“Quando tive minha primeira filha, pensei: vou voltar pra roça. Cresci no interior e queria dar a ela a infância que eu tive, com qualidade de vida e contato com a natureza”, conta.

O retorno, porém, não foi fácil. Segundo ela, havia disposição para recomeçar, mas faltava prática.

“Eu não tinha experiência. Comecei com alguns canteiros no quintal e, quando fui vender, foi ainda mais difícil. Eu ia para a feira, não vendia e voltava com mercadoria”, relembra.

Era o retrato de muitas famílias do campo, que produzem com esforço, mas muitas vezes enfrentam o abandono do mercado.

A dificuldade poderia ter encerrado ali o sonho rural, mas se tornou o ponto de partida para uma virada de página.

Em vez de se render, Ihasminy decidiu aprender e se preparar. Fez cursos, buscou capacitação e se conectou com outras mulheres que compartilhavam da mesma luta.

Neste processo, em uma das formações, uma técnica sugeriu ao grupo a criação de uma associação.

Assim nasceu a Associação dos Agricultores Familiares de Bela Vista de Goiás (Afabev-GO), focada na comercialização da produção local. O passo seguinte viria durante a pandemia.

 

Ihasminy se reinventou e hoje é inspiração no cooperativismo feminino | Foto: Ruber Couto

Em 2021, quando a pandemia da Covid-19 paralisou o mundo, a Afabev fez o oposto, se reinventou.

“Na primeira semana do lockdown criamos um delivery de agricultura familiar. Acho que fomos o primeiro da época”, recorda Ihasminy.

Com o país fechado, a iniciativa conectou o campo à cidade e mostrou o poder da união.

De repente, aquelas mulheres que antes voltavam da feira com os produtos parados começaram a entregar cestas frescas nas portas de quem buscava alimentos saudáveis e de origem local.

A experiência foi bem-sucedida e despertou uma nova ideia: criar uma cooperativa.

A decisão não foi apenas estratégica, mas também um ato de coragem, com o objetivo de dar protagonismo às mulheres, já que grande parte da diretoria da associação era formada por elas.

“Muitos maridos nem deixavam as esposas se aproximarem da horta. Então pensei, se criarmos uma cooperativa só de mulheres, cada família terá que escolher uma representante feminina. De um jeito ou de outro, ela vai participar”, pontua.

Nascia ali a Cooperativa Floryá, com o propósito de transformar resistência em autonomia e ancestralidade em herança viva, unindo a flor que se abre ao yá da união e simbolizando a força coletiva das mulheres.

O portfólio da cooperativa é um verdadeiro retrato da biodiversidade goiana.

Mel silvestre, polvilho artesanal, geleias de pequi, doces de jatobá e hortaliças livres de agrotóxicos compõem uma linha que mistura tradição, tecnologia e sustentabilidade.

Atuando com três frentes principais: o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Projeto do Mel, desenvolvido em parceria com o Grupo Gaia, de São Paulo, a Floryá conta com aproximadamente 60 cooperadas nas cidades de Bela Vista de Goiás, Caiapônia, Cristianópolis, Goiânia, Goiás, Mambaí e São Miguel do Passa Quatro, além de abastecer mais de 120 mil estudantes goianos com alimentos saudáveis e regionais.

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A força que vem de cada mulher

Legenda: Márcia Santos, cooperada da Cooperativa Floryá | Foto: Ruber Cout

Entre as cooperadas, histórias como a de Márcia Santos refletem a essência do que é ser Floryá.

Produtora de polpas de frutas em São Miguel do Passa Quatro, ela chegou à cooperativa em 2022 em busca de apoio para escoar a produção de banana, um produto perecível que não conseguia comercializar sozinha.

“Eu já conseguia processar o maracujá e outras frutas na minha propriedade, mas a banana era um desafio. Foi quando procurei a cooperativa, e isso me ajudou muito”, conta.

Com o tempo, o aprendizado foi além da comercialização.

“Foi desafiador, principalmente por ser mulher à frente, porque ainda existe uma barreira. Mas aos poucos a gente vai conquistando espaço. Aqui na região, a gente acaba influenciando outras mulheres a começar também”, relata Márcia.

Hoje, ela observa o avanço de um movimento que não para de crescer.

“Cada dia mais vejo pessoas se interessando por esse cenário. Estão surgindo muitas oportunidades e, em todas elas, há mulheres envolvidas”, destaca.

Do cerrado goiano para o mundo

 

Cooperativa Floryá representou o Brasil na maior feira de alimentos do mundo na Alemanha | Foto: Divulgação

Foi com essa força coletiva que a Floryá cruzou fronteiras.

Em outubro deste ano, a cooperativa deu um passo histórico ao participar da Anuga, maior feira mundial de alimentos e bebidas, realizada em Colônia, na Alemanha.

Entre gigantes do agronegócio e marcas consolidadas no mercado global, o estande da Floryá se destacou pelo mel produzido no coração do Brasil.

“Foi um divisor de águas. Estar lá, apresentando nossos produtos e nossa história, foi a prova de que o cooperativismo transforma de verdade. Saímos do interior de Goiás para mostrar ao mundo que o campo também é lugar de inovação e protagonismo feminino”, define Ihasminy.

A presença na Alemanha foi resultado de um trabalho consistente e do apoio decisivo do Sistema OCB, parceiro estratégico no fortalecimento da Floryá e de dezenas de cooperativas goianas.

Por meio do Sescoop, as cooperadas receberam capacitação técnica, consultorias em gestão e suporte na estruturação dos negócios, elementos fundamentais para que uma ideia nascida no quintal se transformasse em um modelo de empreendedorismo coletivo reconhecido dentro e fora do Brasil.

“Sem o apoio da OCB e das consultorias oferecidas pelo Sescoop, a Floryá talvez nem tivesse conseguido abrir as portas.Eles acreditaram na gente desde o início, nos orientaram na parte burocrática, na gestão e na expansão. Hoje, colhemos os frutos desse apoio”, destaca Ihasminy.

Solidariedade e empatia também são marcas principais do espirito cooperativista.

Em 2024, a Floryá protagonizou uma intercooperação com a Cooperativa Mista dos Pequenos Produtores de Polvilho e Derivados da Mandioca da Região do Cará (Cooperabs), enviando toneladas de polvilho ao Xingu para ajudar comunidades indígenas que enfrentavam escassez de alimentos.

“Essas ações mostram que nosso trabalho não é apenas comercial, mas também social. E isso as vezes é muito difícil no mercado, que é movido pelo lucro. Mas nós acreditamos no poder da empatia e, sobretudo, na força do homem e da mulher do campo. Afinal, se o produtor for embora, quem vai produzir o que comemos?”, salienta a presidente da Floryá.

Cooperativismo feminino fortalecido pela OCB

O sucesso da Floryá não é resultado apenas da coragem de suas cooperadas, mas também de um ecossistema de apoio sólido, estruturado pelo Sistema OCB/GO.

Luis Alberto Pereira, presidente da instituição, destaca que programas como o “Elas pelo Coop” têm sido fundamentais para fortalecer a participação feminina no cooperativismo.

“Nós incentivamos as mulheres a participarem do cooperativismo não só como cooperadas e colaboradoras, mas também nos cargos de direção das cooperativas. Temos trabalhado muito forte nesse aspecto”, afirma.

Luis Alberto Pereira, presidente do Sistema OCB/GO | Foto: Divulgação

Segundo Luis Alberto, as mulheres já são maioria entre as colaboradoras e representam cerca de 30% das cooperadas. Além disso, 21% dos conselhos de administração das cooperativas goianas já contam com participação feminina, um número que cresce a cada ano.

“A participação feminina nas cooperativas enriquece o cooperativismo, pois a mulher traz visão voltada para questões sociais, sensibilidade, conhecimento prático e atenção à realidade das cooperadas. Isso fortalece a gestão e amplia o protagonismo feminino”, explica.

O apoio da OCB também se estende à criação de novas cooperativas lideradas por mulheres.

Em Goiás, das 266 cooperativas existentes, 49 são presididas por mulheres, número expressivo que coloca o estado acima da média nacional.

“Ainda há muito espaço para avançar, mas a tendência é que as mulheres assumam cada vez mais papel de liderança, formando novas cooperativas e liderando a gestão do setor agro com competência e visão estratégica”, destaca Luis Alberto.

Impacto econômico e social

O cooperativismo goiano é um dos mais robustos do país, impactando diretamente a vida de cerca de 2,5 milhões de pessoas e reunindo quase 670 mil cooperados.

De acordo com o Panorama do Cooperativismo Goiano 2025, realizado pelo Sistema OCB/GO em parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG), em 2024, as cooperativas geraram 18,5 mil empregos diretos, registraram faturamento de R$ 31,3 bilhões e acumularam ativos de R$ 70,7 bilhões, equivalentes a 21% do Produto Interno Bruto (PIB) estadual.

Impacto do Cooperativismo em Goiás

Segundo dados da Junta Comercial de Goiás (Juceg), o setor também apresenta longevidade institucional significativa: das 240 cooperativas associadas à OCB/GO, 95 têm mais de 20 anos de atuação e 18 ultrapassam 40 anos de existência.

A média de sobrevivência das cooperativas associadas é de 15,5 anos, superior àquelas fora da entidade (9,5 anos), evidenciando a robustez do modelo cooperativista e a consolidação da governança.

A diversificação do setor é outro ponto de destaque. Entre os ramos mais expressivos, o agropecuário responde por 38,1% dos empregos gerados pelas cooperativas, seguido pelo setor de crédito (30,1%) e saúde (26,8%).

Esse cenário reforça que o cooperativismo vai muito além do campo, impactando diversas frentes da economia e da sociedade goiana.

Cooperativismo e segurança alimentar no Brasil

 

Legenda: Cooperadas da Cooperativa Floryá | Foto: Ruber Couto

O cooperativismo também é um pilar da segurança alimentar no Brasil, articulando produção, distribuição e consumo, além de gerar renda e promover inclusão social no meio rural.

No setor agropecuário, as cooperativas respondem por mais da metade da produção nacional de grãos, lácteos, aves e suínos, reunindo cerca de 1,09 milhão de produtores, muitos ligados à agricultura familiar.

Essa organização coletiva permite que pequenos agricultores ampliem a escala, reduzam perdas e acessem mercados antes inacessíveis, garantindo à população alimentos frescos, diversificados e de qualidade, ao mesmo tempo em que fortalece a economia local e regional.

Segundo o IBGE, em 2023 cerca de 72,4% dos domicílios brasileiros estavam em situação de segurança alimentar, enquanto 27,6% enfrentavam algum grau de insegurança, sendo 18,2% leve, 5,3% moderada e 4,1% grave.

Em 2024, esse número evoluiu para 75,8% dos lares em segurança alimentar, demonstrando uma tendência positiva, embora a desigualdade regional persista: nas áreas rurais, 12,7% dos domicílios ainda enfrentavam insegurança alimentar moderada ou grave, contra 8,9% nas áreas urbanas.

Nesse contexto, as cooperativas desempenham papel estratégico, especialmente por meio de iniciativas como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).

Esses projetos conectam a produção familiar diretamente às comunidades vulneráveis, aproximando o campo da cidade, ampliando o acesso a alimentos nutritivos e garantindo maior estabilidade alimentar para milhões de brasileiros.

Protagonismo feminino no cooperativismo

 

Legenda: Cooperativismo feminino ganha força e protagonismo em Goiás | Foto: Ruber Couto

O cooperativismo feminino tem uma trajetória marcada por pioneirismo e liderança desde os primórdios do movimento.

Em 1844, na Sociedade Equitativa dos Pioneiros de Rochdale, a tecelã Eliza Brierley foi a primeira mulher a participar ativamente como membro, abrindo caminho para a inclusão feminina no fortalecimento do setor em todo o mundo.

Mais recentemente, nomes como Pauline Green, primeira mulher a presidir a Aliança Cooperativa Internacional (ACI) em 2009, e Graciela Fernández Quintas, atual presidente da ACI Americas, reforçam a presença crescente das mulheres na liderança cooperativista global.

No Brasil, as mulheres representam 41% dos 25,8 milhões de cooperados, sendo maioria na força de trabalho do setor, com 52% de participação entre os empregados.

Elas também ocupam 23% dos cargos de alta gestão nas cooperativas, percentual que vem crescendo continuamente desde 2020.

A presença feminina é particularmente expressiva em setores como saúde (75%), crédito (60%), consumo (57%) e trabalho, produção de bens e serviços (55%), mostrando sua relevância tanto na operação quanto na governança das organizações.

Em Goiás, a evolução do cooperativismo feminino é ainda mais notável.

De acordo com o Panorama do Cooperativismo Goiano 2025, o total de cooperadas saltou de 49 mil em 2022 para 84 mil em 2023, atingindo 163 mil em 2024.

O número de colaboradoras também cresceu significativamente, passando de 6.065 em 2022 para 9.049 em 2024, aumento superior a 30%.

Mulheres no Cooperativismo

O avanço se reflete também na liderança. Se em 2023 as mulheres ocupavam 20% dos postos de comando nas cooperativas goianas, em 2024 já representam 23%, incluindo 43 presidentas, 301 conselheiras administrativas e 361 conselheiras fiscais.

Esses números evidenciam não apenas a ampliação da participação feminina, mas também o fortalecimento de sua influência estratégica no setor.

Crescimento sustentável e inclusão social

 

Legenda: Cooperativismo gera renda e promove inclusão no campo | Foto: Ruber Couto

O cooperativismo goiano também se destaca por gerar renda superior e formalização profissional.

Entre 2012 e 2023, a renda média mensal dos trabalhadores vinculados a cooperativas foi consistentemente superior à dos autônomos não vinculados, atingindo R$ 8,7 mil em 2023, mais que o dobro da média nacional de R$ 3,9 mil.

Além disso, as cooperativas vinculadas à OCB/GO demonstram menor rotatividade de colaboradores, maior média salarial e avanços significativos na inclusão de mulheres e pessoas com deficiência, que passaram de 1,7% em 2019 para 3,5% em 2023.

O Estado ocupa a 5ª posição nacional em formalização de trabalhadores cooperados com CNPJ, evidenciando que o modelo não apenas fortalece a economia, mas também promove segurança jurídica e estabilidade social.


 

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