Por Marco Faleiro
Com formações em São Paulo e no exterior e até experiência com a Medicina, o jornalista Rosenwal Ferreira surpreendeu e conquistou seu espaço na comunicação goiana
Rosenwal Ferreira é um nome que dispensa apresentações. Nascido na cidade de Rio Verde das Abóboras, o “abobrense” (“Abobrinha não, por favor!”) tem um dos rostos mais reconhecidos pelos moradores da capital do Estado. Mas, feliz e curiosamente, essa “síndrome de estrelismo” que assola o jornalismo local passa longe do entrevistado.
Seu escritório, numa bonita e arejada galeria comercial, é uma surpresa para os desavisados. Os motivos da decoração são orientais, toda sorte de livros toma as paredes e uma cama no chão ocupa boa parte dos metros quadrados do local. Rosenwal logo explica que sua mulher é a responsável pelo visual da sala, além de ser também quem propôs a cama, por ter se cansado de ver o marido dormir em cima do teclado depois de horas de trabalho.
Antes de atender à reportagem, Rosenwal pede alguns instantes para finalizar um artigo de opinião. “Pediram o texto faltando só 20 minutos para o fechamento do jornal O Hoje”, conta o jornalista, muito solicitado pela mídia por causa dos seus textos contundentes e bem humorados. Num rompante criativo, lê os parágrafos finais que resumiam com precisão o estado do PT frente às manifestações recentes: “Se os chifres do diabo não foram tão expressivos, pesquisas recentes indicam que o bafo do inferno sopra como nunca…”.
Medicina
O primeiro emprego, relata saudoso, foi aos 12 anos como estoquista na prefeitura de Rio Verde. Pouco depois, vieram os estudos no Lyceu de Goiânia. Mas foi a vocação para a saúde aquilo que motivaria seus próximos passos. Cosmopolita, em São Paulo tornou-se técnico em enfermagem e, na Santa Casa paulista, recebeu consecutivos prêmios de melhor enfermeiro do ano.
Mas a mosca do jornalismo é impiedosa, como diria o próprio Rosenwal, e logo começou a ser solicitado como cronista dos jornais locais. Em seguida, foi inevitável cursar Comunicação na Cásper Líbero, mais renomada formação superior do Brasil na área. Ainda trabalhando em hospitais, custeou os estudos com dificuldades. “Eu era o aluno mais pobre e provavelmente o mais feio, mas muito esforçado”, brinca.
EUA
A vida jornalística de Rosenwal começava com colaborações em grandes veículos nacionais, matérias investigativas e crônicas memoráveis. Mas era pouco: ele queria o mundo. Foi então que o “abobrense” arrumou as malas e partiu para os Estados Unidos. Lá, fez pós-graduação em marketing pela universidade de Wayne State, no Michigan, e assumiu a diretoria de uma grande empresa americana de propaganda.
Mas nem o salário de R$ 30 mil e nem o cartão corporativo que o permitia frequentar os melhores restaurantes sem despesa alguma foram suficientes para mantê-lo por muito tempo longe do Brasil. De volta, primeiro a São Paulo e depois a Goiânia, Rosenwal teve de reconstruir seu nome e abrir espaços novos na comunicação goianiense. Desde então, enfileram-se os prêmios e conquistas.
Bicicleta
Ao nos despedirmos, no fim de uma longa e produtiva conversa, Rosenwal comenta que precisa correr para casa e buscar um remédio. “Descemos juntos e eu já pego minha bicicleta lá embaixo”, diz, para a surpresa do repórter, que admirava a coleção completa do baiano Jorge Amado na estante. Dizemos nossos “até breves” e vejo ao longe a figura ligeira sobre duas rodas, que aos poucos diminui, mas nunca some completamente das nossas vistas.
Discussão sobre isso post