Em cidades grandes, como Goiânia e Aparecida, vereadores recebem salários bem acima da média nacional, além de terem direito a recursos para deslocamento, telefone e vários assessores.
Os deputados estaduais goianos, por sua vez, têm um ordenado de R$ 25.300 mensais brutos.
Muitos justificam que o trabalho é difícil e vai além do horário comercial, com eventos, recepção de eleitores etc.
Outros repetem sem muita convicção que o salário não é nem de longe o motivo para ocuparem o cargo.
Mas o que poucos sabem é que nem toda cidade paga seus parlamentares.
Em Estocolmo, capital da Suécia, vereadores e deputados estaduais não recebem salário algum.
Além disso, não têm direito a auxílio moradia, manutenção de escritórios políticos ou mesmo assessores.
O relato é da jornalista Cláudia Wallin, autora do livro “Um país sem excelências e mordomias”, em que explicita as peculiaridades de uma das nações mais igualitárias do planeta.
Trabalho voluntário
Na Suécia, deputados federais recebem apenas 50% a mais do que um professor da rede primária de ensino.
A comparação com o Brasil é amarga: aqui se paga R$ 33.763 a parlamentares federais, enquanto professores da rede estadual goiana não ganham mais do que R$ 5 mil, na melhor das hipóteses.
Em outras palavras, professores brasileiros ganham menos do que 15% do salário de um dos 513 deputados federais.
Outra peculiaridade do país europeu que tem apenas 9,2 milhões de habitantes é que até os vice-prefeitos das suas cidades usam os ônibus do transporte coletivo.
Detalhe: com bilhetes pagos com o próprio salário.
Os vereadores são tidos como voluntários e mantêm, inclusive, os seus empregos regulares: são farmacêuticos, lojistas, advogados.
A política é, dessa forma, apenas o puro exercício da cidadania.
Corrupção
Com origens Vikings e neutralidade na política externa, a Suécia é uma monarquia constitucional com sistema parlamentar de governo.
Provavelmente por causa da postura de toda a sociedade em relação à política, o país aparece no quarto lugar do mundo no índice de democracia da revista inglesa “The Economist”, depois de Islândia, Dinamarca e Noruega.
Segundo o promotor-chefe da unidade anticorrupção do governo sueco, Gunnar Stetler, as denúncias recebidas no órgão são de pessoas reclamando que seus vizinhos estão “bisbilhotando” por cima do muro ou pitando a casa de verde com uma permissão de construção obtida supostamente de maneira corrupta.
“Dificilmente o motivo do crime é diferente disso”, afirmou.
Será que no Brasil essa moda pegaria?
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