Causa perdida
Foi com “pompa e circunstância”, segundo definição de um deputado do PT, que o nome do deputado Arlindo Chinaglia (PT) foi lançado como candidato a presidente da Câmara, na quarta-feira. Mas até o PT sabe que se trata de um tiro na água. Com o deputado e desafeto da presidente Dilma Rousseff, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ganhando cada vez mais terreno, tudo leva a crer que a guerra para o PT já está perdida. A situação ficou ainda mais evidente depois que o vice-presidente Michel Temer entrou em campo, justamente para manifestar apoio a Cunha e tentar convencer o PT a não lançar ninguém. Nem o apoio do ex-presidente Lula deve salvar Chinaglia de uma amarga derrota.
Que medo
O que mais assusta o Palácio do Planalto, segundo um nome forte do ministério, que comanda uma pasta no primeiro escalão desde o governo Lula, é que o deputado Eduardo Cunha reúne todas as características desejadas para uma migo, mas que geram pânico quando um inimigo as tem: o deputado é extremamente inteligente, bem informado, articulado, tem bom trânsito entre os parlamentares, uma excelente memória e é muito carismático. São lendárias as reuniões entre o deputado e representantes do Palácio, para negociar projetos e votações, em que o governo enviava até dez pessoas para convencer Cunha em uma reunião e ele dava um baile em todo mundo. Sabendo disso, no Palácio do Planalto, a vitória de Cunha no comando da Câmara é tida como certa.
Vantagem? Sabe-se lá…
Segundo essa mesma fonte, que tem relações antigas com a presidente Dilma Rousseff, a única certeza que o Palácio tem é a de que Eduardo Cunha cumpre, fielmente, o que promete, que não faz o contrário do que diz. Seria uma vantagem, segundo essa fonte, se o deputado fizesse acordos favoráveis ao governo. O problema é que ele pode fazer acordos com a oposição.
No Senado
Até o início do segundo semestre pouca gente duvidava da vitória do senador Renan Calheiros (PMDB) para continuar no comando do Senado. Mas nas últimas semanas a vitória dele subiu no telhado. Calheiros deixou de ser unanimidade até no PMDB, onde o brilho dele vem sendo, aos poucos, ofuscado pelos senadores Eunício Oliveira (CE) e Luiz Henrique da Silveira (SC). Sem contar que até no partido uma ala ainda acredita que a qualquer momento o nome de Calheiros será envolvido no escândalo da Petrobrás. Há que torça para isso, inclusive.
Quando querem…
Não durou nem cinco minutos a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias na sessão conjunta do Congresso Nacional na quarta-feira, dia 17. Sob a presidência do senador Romero Jucá (PMDB) ninguém abriu discussão, contestou nada nem criou caso. A agilidade surpreendeu os jornalistas que cobrem o cotidiano da Câmara e Senado, mas tanta pressa tem uma explicação e não era apenas a pressa em voltar para casa. Uma ala do PMDB fez pressão até os últimos instantes da terça-feira para ter certeza dos nomes que a presidente Dilma Rousseff indicaria para compor o futuro ministério. Na quarta, logo cedinho, estava tudo resolvido.
Passou
Uma manobra do presidente da Câmara adiou, mas não impediu a aprovação da correção da tabela do Imposto de Renda em 6,5%. A presidente Dilma Rousseff queria 4,5%. Na penúltima sessão da Câmara, desta legislatura, no dia 16, a mudança só não foi aprovada porque o presidente Henrique Eduardo Alves (PMDB) encerrou os trabalhos. Mas no dia seguinte, não teve jeito.
Em tempo….
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves disse que em dezembro a Câmara votaria tudo o que não havia votado ao longo do ano. Isso só pode significar que quando querem, deputados e senadores conseguem dar agilidade à pauta.
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