Parece que nas veias de boa parte dos brasileiros circula o vírus da desonestidade.
O país é um território rico, mas sempre roubado por aqueles que querem levar vantagem a qualquer custo. Se não fossem os sucessivos roubos, provavelmente não teríamos tantos juros, tantos impostos. Por séculos uma parcela da população sustenta governos corruptos e ladrões.
O pior é que o vírus da desonestidade não se desenvolve em uma classe social específica, parece que é geral.
Presenciei com outras pessoas a seguinte conversa em uma drogaria, na Praça Nova Suíça em Goiânia, no início da noite de ontem (20/01):
Um homem conversava na fila dos caixas com dois jovens provavelmente vindos do Norte, se não e falha a memória, do Pará.
Homem: – “E aí vocês já fizeram 18 anos?”
O rapaz respondeu: – “Já fiz, ela ainda não.”
Homem – “Vai tirar a carteira (CNH)?
Rapaz – “Já tirei, tirei, não COMPREI”
Homem – “Comprou?”
Rapaz – “ É comprei, paguei R$1.800,00. A Minha mãe está mandando pra mim.
Homem – “E as provas?”
Rapaz – “Só fiz a prova escrita e o psicotécnico.”
Rapaz – “Meu avô não gostou muito, ma comprei.
Ao perceber que as pessoas em volta estavam prestando a atenção na conversa, eles mudaram de assunto.
O rapaz não estava falando de uma CNH falsa. Ele pagou para não fazer nem as aulas e nem a prova de direção. Algum funcionário público do Norte colocou na mão deste jovem uma arma, um veiculo.
Alguém sem escrúpulos e por dinheiro fácil está vendendo carteiras CNH por R$1.800,00 segundo o próprio rapaz. Não deve ser a única, quantas pessoas inabilitadas andam por aí matando no trânsito por culpa destes irresponsáveis: O “vendedor público”, a família e o próprio jovem. Uma cadeia irresponsável que não deve ser incomum no país do roubo e da corrupção.
No trânsito de hoje. Este rapaz vai morrer? Provavelmente. No trânsito de hoje este rapaz vai matar alguém? Provavelmente.
João Carlos Barreto é jornalista, editor da Ag. Goiás em notícias.com
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