Esteja consciente de que essa coluna tem spoilers da quinta temporada da série e também dos primeiros arcos da HQ.
Usar zumbis como plano de fundo para críticas sociais mais profundas é uma tendência desde os clássicos longas do desbravador George Romero. Transpor em narrativa visual a confusão da mente dos personagens através de alucinações que se misturam com o “real” também é recurso corriqueiro.
David Chase, por exemplo, fez arte na TV com as perturbações mentais de Tony Soprano, apesar de não inventar nenhum mafioso morto-vivo. Mas quando a metáfora parece desnecessária, a trama se arrasta sem naturalidade e o drama não cativa ninguém, há muitos problemas. Todos esses sintomas do carro-chefe da AMC. “Walking Dead” não consegue mais sair de um lugar comum.
Tyreese
A volta do seriado na segunda metade da quinta temporada manteve o ritmo e a sensação do último episódio exibido em 2014. Foram duas mortes completamente deslocadas e sem nenhuma relevância aparente para a trama. Beth e Tyreese morreram de formas estúpidas e, mesmo se tratando de personagens sem apelo algum, tiveram tempo de tela demais na tentativa de criar clímax.
Com funerais que inclusive se confundiram nesse último capítulo, ambos (ou a ausência deles) não farão diferença alguma para o prosseguimento da história. Principalmente Tyreese, que há muito já era uma das figuras mais pedantes. Cheio de reminiscências e pudores, não chegou perto da profundidade filosófica de Hershel.
Outro paralelo entre esses dois homens é a maneira da morte. Na TV, Hershel é decapitado pelo Governador às portas da prisão. Destino que, nos quadrinhos, foi reservado ao outro.
Ação
A mudança é compreensível. Os roteiristas da série não foram capazes de desenvolver Tyreese ao ponto de que nos importássemos com sua morte. O que também é sintomático de uma das piores adaptações de personagem.
Um homem violento e forte, uma verdadeira máquina de eliminar zumbis. Mas que acabou virando quase um monge pacifista na televisão…
“Walking Dead” precisa de ação de verdade. E de reflexões menos rasas também.
Marco Faleiro é estudante de jornalismo e já tem mais de duas mil horas de seriados assistidos – [email protected]
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