Em certos momentos é necessário esmiuçar os fatos para que o leitor tenha exata noção dos motivos que cercam uma desavença política. Iris Rezende e Júnior Friboi estão em pé de guerra há mais de um ano no PMDB goiano por falta de humildade, intolerância e convicção de um peso eleitoral que ambos imaginavam ter no cenário estadual. Unidos, as chances teriam sido bem maiores. Desunidos, amargam uma sucessão de fatos negativos desde janeiro de 2014.
No final daquele mês estive com Iris Rezende em seu escritório político da avenida T-9 para comunicar-lhe sobre o convite profissional para assessorar Júnior Friboi em sua pré-campanha. Entendi ser necessário o diálogo como satisfação pelos seis anos em que trabalhei com Iris em campanhas eleitorais e na Prefeitura de Goiânia. Encontrei um homem amargurado e incomodado com o avanço de Friboi nas bases do partido. “Se colocar algum obstáculo (para você aceitar o convite) ainda vão dizer que estou atrapalhando os planos dele (Friboi)”, respondeu.
Iris
Saí de lá com uma sensação horrível. Liguei de imediato para o ex-senador Mauro Miranda, fiel escudeiro de Iris e meu amigo de longas datas, e lhe relatei a péssima impressão que tive. Fiz uma recomendação: “Tire o Iris do escritório. Leve-o às ruas, para conversar com as pessoas. Aquele ambiente de intriga e fofoca está acabando com ele”. E Mauro foi curto e objetivo na resposta: “Não estou tendo condição e liberdade para falar com o Iris”.
Alguns dias depois o marqueteiro Duda Mendonça apresentou pesquisas quantitativa e qualitativa no escritório político de Friboi, concedeu entrevista coletiva e depois foi levado à presença de Iris Rezende. José Batista Sobrinho, pai de Júnior e conhecido como “Zé Mineiro”, também estava lá. Escondendo suas reais intenções, o ex-prefeito recomendou que a parceria Duda-Friboi fosse levada adiante mesmo alertado dos muitos interesses em jogo. E assim foi feito.
Amizade
Desde então nada mais deu certo. Friboi viajava pelo interior e Iris conspirava na mesma intensidade. Os dois eram alertados a todo momento que um dependia do outro para que o PMDB lograsse êxito na eleição. Balançavam a cabeça, concordavam, entretanto lá no fundo desdenhavam da necessidade do vínculo. Uma longa amizade de 30 anos se transformou em críticas e troca de acusações pelos jornais. Retrato atualizado de um caldeirão de intrigas chamado PMDB.
O tiro de misericórdia na pré-campanha de Júnior Friboi surgiu com a divulgação pelo jornal “O Popular” da dívida de R$ 1,3 bilhão da JBS com o Governo de Goiás. Bem ao estilo Iris Rezende, o ex-aliado Júnior Friboi tentou minimizar a importância do fato alegando que a discussão sobre o débito encontrava-se na Justiça e o montante seria de apenas 20% do valor publicado. “Poderíamos já ter efetuado a quitação da dívida se quiséssemos”, argumentou, em tom contraditório.
Erros
O clima ficou insustentável e o empresário jogou a toalha. Como o ex-governador jamais “deixou o PMDB na mão”, ele aceitou o “desafio divino” de disputar a quinta eleição para o Governo de Goiás. O resultado todos conhecem: quarta vitória de Marconi Perillo na corrida ao Palácio das Esmeraldas e a satisfação pessoal de ver Iris e Friboi não apenas derrotados, mas inimigos e sem rumo político.
O mais incrível nessa história é que até hoje Iris e Friboi não admitem erros e depositam no adversário interno toda a culpa pelo imbróglio que culminou na expulsão do empresário pela Comissão de Ética do PMDB. Como se o apoio ao candidato Marconi Perillo na eleição fosse o real motivo da discórdia entre os caciques da política e da carne. Resta saber quanto tempo o partido ainda vai resistir à fogueira de vaidades que nunca se apaga.
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