“Vicious” é uma comédia britânica centrada na vida de um casal de velhos rabugentos. Em formato de sitcom, a série tem a clássica acidez do humor da terra da rainha e apresenta elementos muito improváveis para qualquer produto televisivo: velhos e gays.
A premissa é de um casal de homens idosos que convivem com as dificuldades de um relacionamento com décadas de duração. As piadas criativas entregadas pela perícia cirúrgica dos protagonistas no papel de Freddie e Stuart fluem e servem de acalento para aqueles que, como eu, estão deprimidos pela falta de coragem presente em tudo que sai para o grande circuito.
Entre os destacados atores da série estão Ian McKellen (que, além de Gandalf e Magneto, é ativista da causa LGBT) e Derek Jacobi (que também é aberta e orgulhosamente gay), dois monumentos à história da dramaturgia britânica. Pra não dizer que tudo são flores, tem também Iwan Rheon (o detestado Ramsey Bolton, das Crônicas de Gelo e Fogo), que é ótimo ator, mas carrega o ranço desse outro personagem.
Coragem
E é exatamente esse o principal atributo de “Vicious”. Aqui, aparece de maneira muito natural a relação entre os protagonistas. Colocar em tela um elenco quase todo idoso -dois destes gays- e, mais ainda, mostrar não somente o amor entre eles, mas as desavenças, brigas e cumplicidades dos dois, é motivo de muito estardalhaço, sim.
É no conflito diário, mais do que nas esporádicas cenas de amor incondicional que vive qualquer relacionamento. E as vidas de Freddie e Stuart não se limitam a brigar pelo direito de se amarem, mas são preenchidas por ele.
Apesar de não haver previsão para a chegada de “Vicious” ao Brasil, a série compensa o esforço e a criatividade de todo assíduo consumidor de seriados no download alternativo.
Marco Faleiro é estudante de jornalismo e já tem mais de duas mil horas de seriados assistidos – [email protected]
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