Imposto do tormento e do engodo
Somente a especulação sobre a suposta volta da cobrança da CPMF já é suficiente para provocar manifestações de revolta e indignação no cidadão brasileiro. A péssima gestão dos recursos públicos na área da saúde atinge diretamente as três esferas de poder – federal, estadual e municipal – e não há a mínima perspectiva de que a reativação do imposto conseguirá reverter o quadro de falência múltipla dos órgãos envolvidos. Por culpa dos próprios governantes, a CPMF se transformou em sinônimo de engodo e de esculhambação neste país.
O pior é que o Governo Dilma e parlamentares que defendem a volta da CPMF nem mesmo respeitam a memória do cardiologista e ex-ministro Adib Jatene, falecido em novembro do ano passado aos 85 anos. Idealista comprometido com a saúde no Brasil, Jatene foi o “pai da ideia” durante o Governo FHC. Lutou com unhas e dentes para racionalizar a distribuição dos recursos até ser vencido pelas maracutaias do jogo político e a prioridade econômica que impera em Brasília. Jatene admitiu, reiteradas vezes, que as autoridades não estavam suficientemente maduras para priorizar, de fato, a área da saúde.
Castelo de frustrações
E quem acompanha de perto o debate no governo sobre o enfrentamento da grave crise instalada no país, sabe que a opinião de Adib Jatene permanece mais atual do que nunca. Se estivesse vivo, o responsável direto pela origem da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) teria nova decepção. Aos poucos o imposto seria novamente remanejado para fechar outros buracos da administração pública. Nada mais próximo do famoso jeitinho brasileiro que transforma boas ideias, algumas até revolucionárias, em castelo de frustrações.
Criar e agir
E por falar no ex-ministro Adib Jatene, uma de suas famosas frases poderia servir de exemplo para a presidente Dilma Rousseff arregaçar as mangas, ser criativa e deixar de lado modelos que já foram testados e bastante criticados pelo próprio PT, como a CPMF: “Sou contra essa história de dizer: eu não faço porque não me dão condições. Se você é capaz de fazer, você cria as condições”.
Rápidas
… Desvios na distribuição da merenda escolar e déficit de vagas no ensino infantil continuam tirando o sono da secretária municipal da Educação, Neyde Aparecida. Pautas negativas que nem mesmo mutirão de obras em Goiânia consegue ofuscar.
… Com base em dados do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), jornal “O Popular” revelou que pouco mais de 20 prefeitos em Goiás recebem salários na faixa de R$ 20 mil. Alguns deles administrando cidades com 5 mil habitantes. Depois reclamam da falta de recursos básicos para saúde, educação, infraestrutura e não sabem o motivo.
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