Três caminhos sem volta
Você ouve a todo instante a frase que faz diferença em nossas vidas: “antes de julgar alguém coloque-se no lugar daquela pessoa”. Mas o que dizer quando dos dois lados da moeda existe uma dor profunda e um sentimento de vazio que dificilmente deixará de existir? Eis a triste realidade que tomou conta de três famílias no Rio de Janeiro: dois mototaxistas assassinados por engano e um policial militar desconsolado por ter cometido um erro que jamais poderá ser corrigido.
Os trabalhadores atendiam um chamado com macaco hidráulico nas mãos quando foram confundidos com bandidos e baleados durante um cerco policial. Imediatamente o que vem na cabeça é a falta de controle de militares que deveriam estar preparados para agir com a frieza e o equilíbrio que a função determina. Mas há profunda diferença entre uma análise distante e a realidade nua e crua dos morros no Rio de Janeiro, palcos de uma guerra fria e selvagem onde o menor descuido é fatal.
Rio da guerra civil
Como não se emocionar com o desespero duplo: dos familiares dos mototaxistas que não tinham antecedentes criminais e do PM que admitia a todo momento a falha grave e praticamente se ajoelhava implorando perdão. Estamos falando de seres humanos, passíveis de erro em qualquer ambiente da sociedade. Três vítimas da guerra civil em que se transformou a Cidade Maravilhosa. E o próprio comando da Segurança Pública reconhece que há muito pouco por se fazer diante da força e do profissionalismo dos traficantes de drogas.
Realidade ou teatro?
O Rio de Janeiro é hoje uma cidade refém do medo, da desigualdade social e do enfrentamento diário de quadrilhas, muitas delas fardadas. Mas não se pode generalizar. Talvez seja o caso específico do PM que falhou ao atirar em trabalhadores com características suspeitas. A sua reação é típica de um ser humano realmente arrependido, afinal não era necessário um teatro daquela magnitude. Milhares de PMs já cometeram erros semelhantes e se preservaram da exposição e do pedido de perdão.
Só há uma certeza nessa história: impossível mensurar quantas famílias indefesas ainda irão chorar no túmulo de seus entes queridos, sejam eles trabalhadores ou policiais. Independente se existam ou não motivos para apertar o gatilho.
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