Tenho ficado rouco de tanto ouvir histórias cabeludas de motoristas do aplicativo Uber. Na última quinta-feira, 26, um deles me fez o seguinte relato: “Ontem quase fui às vias de fato com um taxista na Avenida Rio Verde. Ele fez ameaças, fiquei tentado a topar o desafio, mas a proximidade do shopping esfriou os ânimos. Mal sabia o taxista que meu amigo chegou no final da discussão e só depois mostrou a arma na cintura. O imbecil escapou por pouco”. Lembrei do episódio enquanto acompanhava hoje o noticiário sobre a prisão de Alexandre Rodrigues de Sousa, 41, motorista do aplicativo Uber suspeito de ter estuprado clientes no final do ano passado.
Rastilho de pólvora
Não sou imbecil o suficiente para generalizar o comportamento de uma categoria por desvio de caráter individual, mas o goianiense está cada dia mais atento a pessoas que adquiriram um papel estratégico na sociedade. O motorista do Uber, hoje, é responsável pelo transporte de milhares de cidadãos e sua conduta, positiva ou negativa, repercute como rastilho de pólvora. Como a concorrência cresce de maneira desenfreada em função da onda de desemprego que assola o país, o registro de viagens “por fora” também aumentou vertiginosamente. Trata-se do famoso jeitinho para o motorista ampliar os lucros. Perigo sem precedente.
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O suspeito Alexandre Sousa utilizou, segundo depoimentos, arma de choque disfarçada de lanterna para intimidar e mobilizar as vítimas. Além de deplorável, uma atitude ingênua em se tratando de pistas para a investigação policial. Ao passageiro, especialmente mulher, cabe atenção especial para não utilizar o Uber quando estiver sozinho ou mesmo combinar viagem sem o necessário controle dos responsáveis pelo aplicativo. Não dá para arriscar, afinal a oferta do serviço é tão grande que os motoristas educados e responsáveis acabam “pagando o pato” por uma minoria irresponsável e delinquente.
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