Por Marco Faleiro e Thiago Araújo
O ser humano nasce e vive em uma rede de relações. Seja em família, na escola ou no trabalho, estamos sempre interagindo e construindo redes de apoio. No campo, essas conexões que unem pessoas, ideias, instituições e projetos transformadores ampliam os horizontes de quem ajuda a semear o crescimento do país: trabalhadores rurais, agricultores e pecuaristas.
Em Goiás — Estado com um território acima dos 340 mil km² —, as histórias de Virgínia Guimarães, Rafael Fernandes e Carlos Donisete e tantos outros trabalhadores se esbarram justamente por conta dessas redes de apoio. Os três atuam no campo, lideram atividades produtivas em seus municípios e, por meio de treinamentos e iniciativas de qualificação profissional do Sistema Faeg/Senar, estão se reinventando, assumindo novas funções, aprendendo técnicas e aprimorando o processo de produção agropecuária.
A jovem Virgínia Guimarães, por exemplo, ouviu falar das ações formativas do Sistema Faeg/Senar em 2014. A convite de um amigo, ela decidiu participar de um curso de adestramento de cães de pastoreio, atividade que vem ganhando cada vez mais espaço na pecuária brasileira e que facilita o trabalho no campo. “A decisão de participar daquele treinamento foi decisiva na minha vida profissional”, lembra. “Reuni o amor que sentia pelos animais e a vontade de aprender e me dediquei à formação”, acrescenta.
Ela aproveitou a oportunidade e depois do curso chegou a participar de competições de pastoreio ao lado da sua sempre fiel companheira, uma cadela da raça red heeler. Tempos depois, motivada pelo que aprendeu, abriu um centro de treinamento e psicologia canina em Rio Verde. “Antes de empreender, busquei novos conhecimentos e pelo Sistema Faeg/Senar fiz outros cursos, como o de doma e o de rédeas. Hoje, apresento tudo o que aprendi a produtores rurais e, de alguma forma, contribuo com o fortalecimento da agropecuária na região”, afirma.
Em Orizona, a mais de 300 km de Rio Verde, o pecuarista Rafael Fernando de Castro também foi beneficiado pelas formações e iniciativas do Sistema Faeg/Senar. Em abril deste ano, em meio aos desafios e aprendizados impostos pela pandemia do novo coronavírus, ele passou a integrar o Campo Lab, um ambiente de inovação que conecta produtores rurais goianos a startups e produtos que oferecem diversos tipos de soluções para o agronegócio.
“Por meio dessa parceria com a Faeg e o Senar, conhecemos o aplicativo Leite Bem, que nos ajuda com a gestão do rebanho da nossa propriedade. A ferramenta faz a divisão dos animais por lotes e facilita o cálculo ideal de ração. Dentro do curral, com um celular em mãos, já tenho acesso a todas as informações sobre a produção de leite e faturamento”, conta.
Durante a implantação do sistema na Fazenda Todazul, Rafael Fernando recebeu treinamento e apoio técnico do Sistema Faeg/Senar. “A equipe veio em nossa propriedade, ensinou sobre o uso da tecnologia e explicou todas as possibilidades do aplicativo de um jeito que a gente entende. E sempre tivemos esse apoio. Aqui em casa mesmo já realizamos cursos que falaram sobre manejo de animais e até sobre o uso de drones no campo. Essas formações, com certeza, nos ajudam no dia a dia”, destaca.
Apoio presente nos quatro cantos de Goiás
E essa rede de apoio, além de impulsionar o agronegócio, já levou conhecimento para todas as regiões de Goiás, conforme explica Flávio Henrique Silva, diretor técnico do Senar Goiás. “Este projeto está presente nos 246 municípios, ou seja, está em todo o território goiano, sendo que nos últimos três anos, na formação profissional rural, foram realizados cerca de 10 mil treinamentos com mais de 100 mil participantes. Já na área de Assistência Técnica são mais de 8 mil propriedades beneficiadas e 3,5 mil em atendimento”, revela.
Para executar todas essas ações, o Sistema Faeg/Senar conta com o apoio de inúmeras associações de produtores, cooperativas, municípios e outras organizações públicas e privadas. “Não estamos sozinhos. Temos mais de 200 opções de cursos e as formações e os treinamentos são realizados mediante um planejamento estratégico que identifica as necessidades de cada região e leva em consideração as expectativas profissionais dos goianos. Inclusive, temos muitos parceiros, em especial os Sindicatos Rurais”, explica Flávio Henrique.
Todos esses agentes se unem e criam uma rede de apoio social, de proteção e de promoção da resiliência. É o que acredita o presidente do Sindicato Rural de Porangatu, Carlos Donisete. “Essas parcerias criam oportunidades através da qualificação. Muitos produtores do nosso município, inclusive, já foram beneficiados. E isso faz com que a gente olhe para a mesma direção e continue buscando soluções viáveis, sustentáveis e realizando formações que fazem a diferença em nossa rotina”, assegura.
E essa rede de apoio vai além do ensino de técnicas agrícolas, uso de novas tecnologias e práticas sustentáveis. Os agentes transformadores do agro buscam preparar o segmento para o futuro, contribuindo para que os trabalhadores, produtores e, principalmente, os jovens estejam preparados dentro e fora da porteira para tomar decisões e conduzir projetos inovadores.
“Trabalhamos com sensibilidade para garantir condições de competitividade, renda e qualidade de vida aos produtores rurais. Há sete décadas, o Sistema Faeg/Senar caminha ao lado de quem faz de Goiás uma referência na produção de alimentos. E é importante reafirmar: não deixamos ninguém para trás. Nosso compromisso é defender os interesses dos produtores nos quatro cantos do Estado”, afirmou recentemente o presidente da entidade e deputado federal José Mário Schreiner em um encontro que reuniu, em Anápolis, líderes do campo.
Conhecimento compartilhado entre os trabalhadores do campo
Pesquisadores e estudiosos de diversas áreas de atuação destacam o papel dessas redes geográficas de apoio e de cooperação para o desenvolvimento saudável e sustentável de segmentos e grupos. O conhecimento adquirido por Virgínia Guimarães, a jovem que abre a reportagem, foi compartilhado com muitos pecuaristas de Rio Verde, Cachoeira Alta, Quirinópolis, Montividiu e outras cidades da região. As técnicas de doma e pastoreio que ela aprendeu nas formações do Sistema Faeg/Senar chegaram aos trabalhadores do campo Jeliston Patrício, Maria Eduarda, Lucivaldo e Aderbal Neto.
Com tantas oportunidades, Virgínia entendeu que compartilhar conhecimento é semear sabedoria e dividir ideias, dúvidas e experiências. Lá em Orizona, essa rede de cooperação e apoio no campo atua de forma semelhante. O produtor Rafael Fernando, que implantou o aplicativo Leite Bem à rotina da propriedade da sua família, compartilha todas as possibilidades da nova ferramenta com seu pai, César Augusto de Castro, de 53 anos.
Se antes os dois demoravam até duas semanas para separar um lote de animais a partir de dados anotados em um caderno, hoje eles inserem as informações do rebanho em tempo real no aplicativo, que também funciona off-line. “Agora, ao final de cada ordenha, temos acesso aos dados por lotes de animais. O sistema ajuda ainda no controle zootécnico da propriedade. Dessa forma, evitamos gastos e aumentamos a produção de leite”, afirma Rafael Fernando.
Por meio das formações, ajuda técnica e dessa rede de apoio, os envolvidos geram benefícios mútuos e fortalecem parcerias. Tudo isso, por exemplo, promove a transformação social de quem trabalha de sol a sol e simplifica as tarefas diárias dos produtores, pontua José Mário Schreiner. “A busca pelo conhecimento é um exercício que promove a troca de parcerias efetivas que transformam a vida no campo. E é isso que nos guia”.
Mais informações sobre os cursos do Sistema Faeg/Senar, acesse o site do Sistema Faeg.
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