Jornalista Guilherme Coelho diz, em entrevista, que moradores do Jardim América não se interessam em participar das discussões dos problemas locais e critica autoridades pela insegurança que reina no bairro. Ele cobra também a presença de um vereador que, de fato, defenda os interesses da comunidade na Câmara Municipal. Sobre seu interesse pela política, Guilherme admite que não pensa em ser candidato, mesmo sendo incentivado a isso
O jornalista Guilherme Coelho, 25 anos, nascido e criado no Jardim América – maior bairro de Goiânia – é um dos moradores mais preocupados com a qualidade de vida do bairro e adjacências. Respeitado por sua atuação em defesa dos moradores, Guilherme afirma que o Jardim América é uma comunidade desunida, que só sabe reclamar dos problemas do bairro. “Moradores reclamam de tudo. Reclamam da falta de segurança, de bons governantes, da falta de lazer, etc. Mas poucos fazem algo para melhorar a realidade de onde moramos”, declarou.
Foi firme nas palavras ao dizer que a região não tem sequer um líder comunitário que defenda os interesses do bairro. “Temos líderes que defendem interesses próprios ou de empresários e políticos”. Indagado quem seriam esses líderes, Guilherme Coelho preferiu não citar nomes, mas garantiu que eles aparecem apenas de dois em dois anos.
O jornalista ressaltou também a falta de uma liderança política na Câmara Municipal. “Desde que eu me entendo por gente não me recordo de um vereador que vestiu a camisa do bairro. Se você sair na rua e perguntar para 10 moradores quem é o vereador que representa o Jardim América e região notará que apenas uma pessoa saberá citar o nome de um parlamentar”, afirmou, enfatizando que os moradores mais antigos do Jardim América dizem que até hoje apenas Benvindo Ferreira Lôpo, de fato, defendeu os interesses do bairro.
Indagado se um dia gostaria de ser vereador para defender os anseios do Jardim América e região, Guilherme Coelho disse: “Meu pai, Ronaldo Coelho, é um dos maiores defensores desta ideia. Muitos falam que eu tenho dom pra ser um líder político, mas não tenho esta pretensão. Já tive, quando era mais novo. Acredito que meu dever é ajudar formar um líder para nossa região. Caso isso aconteça gostaria de ser o elo entre este líder e os moradores”.
Guilherme Coelho criticou as autoridades responsáveis pela insegurança no Jardim América e região, em especial o secretário de Segurança Pública, João Furtado Neto, pelo aumento da criminalidade. Porém, ele ressaltou que os moradores são os maiores culpados. “Não considero o Jardim América uma comunidade e, sim, um bairro com interesses individuais. Na última edição do Folha Z o padre Zezão falou uma verdade. A falta de união dos moradores contribui para o aumento da criminalidade”. Guilherme destacou “que mal conhecemos nossos vizinhos” e quando os moradores são convidados pela polícia para reunião de segurança comunitária não aparece ninguém.
Guilherme fez questão de salientar que nos próximos dias o povo terá a oportunidade de escolher, dentre vários candidatos, aquele que melhor representa o bairro e, em seguida, ele fez a seguinte reflexão: “Quando você vota com interesse individual é como usar vendas para todos os outros que não serão beneficiados e fará com que políticos com pretensões não muito democráticas cheguem ao poder”.
Intimidações
Para quem não sabe, Guilherme Coelho é o fundador do Jornal Folha Z e legalmente o responsável por toda direção do periódico. O Folha Z é um jornal de caráter comunitário, voltado para os moradores do Jardim América, Bueno, Nova Suíça e Parque Amazônia. Focado em noticiar o que ocorre ou influencia estes bairros.
Porém, nos últimos dias, o jornalista tem recebido intimidações. “Políticos e empresários têm tentado impedir publicações de matérias. Repudio qualquer forma de opressão à imprensa”, afirmou. Para Guilherme Coelho nenhum país é soberano sem uma imprensa livre e independente, e destacou: “As intimidações mostram que nosso trabalho é reconhecido”.
Hipocrisia
Guilherme afirmou com todas as letras que não existe 100% de jornalismo independente, imparcial. “É hipocrisia dizer que existe. Todo mundo tem um lado, mas isso não significa que devemos deixar de prestar um bom jornalismo à comunidade”, assegurou. No caso das intimidações, Guilherme garantiu que cumpriu seu dever como jornalista.
Finalizando a entrevista, Guilherme Coelho recitou um jingle da campanha do Lula de 2006: “Não adianta tentarem nos calar. Nunca ninguém vai abafar a nossa voz. Quando o povo quer, ninguém domina. O mundo se ilumina, nós por ele e ele por nós”.
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