Ao longo de 3 décadas, o médico Ronaldo Caiado (DEM) construiu uma história de respeito na política goiana e nacional.
Tanto nas derrotas (1989/Presidência e 1994/Governo) como nas vitórias (5 mandatos/Câmara, 2014/Senado e 2018/Governo), o goiano de Anápolis sempre teve postura firme e independente.
Superou o rótulo do líder ruralista radical, sentado em seu cavalo branco, para se transformar em referência como articulador nos gabinetes de Brasília.
Foi exatamente essa imagem que veio à cabeça dos goianos no momento de virar a página em relação aos escândalos de corrupção que envergonhavam o Estado.
Se um dia sonhou ser o anti-Lula, Caiado virou o anti-Marconi. Resultado: eleição expressiva no 1º turno (59,73% dos votos) e muita experiência acumulada para estabelecer profundas mudanças nos parâmetros administrativos.
Convivência
Dito isso, causa profunda estranheza o tempo, a energia e o vocabulário desperdiçados pelo governador na defesa de auxiliares aloprados do Governo Bolsonaro. Sem falar nas questões familiares que envolvem o presidente.
Caiado só tem a perder indo além do apoio integral anunciado no longínquo 10 de outubro de 2018, durante encontro no Rio de Janeiro. O DEM, seu partido, declarou-se neutro naquele 2º turno.
O desejo mútuo de boa convivência, portas abertas dos dois lados, já se consolidou nesses 10 meses. Goiás foi o Estado que mais recebeu Bolsonaro e auxiliares.
Apesar da maturidade política, o governador de 70 anos se equivoca ao assumir o papel de defensor intransigente do presidente. A jornalista Cileide Alves (O Popular) observou com propriedade no artigo “Caiado se acomoda no bolsonarismo”.
Seguindo o mesmo raciocínio, o jornalista Eduardo Horácio (Poder Goiás) destacou que o “pragmatismo absoluto é o fator que explica a adesão de Caiado ao bolsonarismo”.
Desgaste
A aposta é alta e imprevisível. O governador parece disposto a pagar pra ver.
Nem que para isso seja necessário copiar o jeito Jair Bolsonaro de enfrentar os veículos de comunicação, principalmente o Grupo Globo e a Folha de S. Paulo.
Resumindo: Ronaldo Caiado já tem problemas de sobra para administrar. Alguns inesperados, como combate à corrupção e transparência nas ações de governo.
O que ele menos necessita no momento é absorver desgaste alheio.
Os mais antigos recomendam colocar a cozinha em ordem antes de dar palpite no quintal do vizinho.
OPINIÃO: Bateu desespero no presidente e em 200 milhões
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