Falar sobre a morte nunca me incomodou. Um dia ela vai chegar, silenciosa e implacável.
Sempre fui adepto da orientação do grupo “Originais do Samba” na música “Nego véio quando morre” (1970):
https://youtu.be/bX1qqlEf2cc
“Quando eu morrer quero ir de fralda de camisa.
Defunto pobre de luxo não precisa…”
Sim, meu único desejo era por uma passagem rápida e simples. Eu disse “era” porque acabo de reformular o conceito fúnebre particular.
O culpado pela guinada é norte-americano e atende pelo nome de Norbert Schemm, 87 anos.
Um dia antes de falecer (novembro de 2019), ele pediu para tomar a última cerveja com a esposa (Joanne) e os filhos (Bob, Tom e John) no hospital.
Foi prontamente atendido pelos familiares porque seu caso era irreversível e todos quiseram prestar-lhe a última homenagem.
Uma cena linda, gigante, inesquecível.
“Tudo o que ele queria fazer era tomar a última cerveja com seus filhos. Momento em família, todos sorrindo”, disse o neto Adan Schemm, responsável pela postagem nas redes sociais.
A foto viralizou em poucas horas justamente pelo simbologismo da aceitação e cumplicidade diante de um quadro clínico inevitável.
“Saber viver é para alguns, saber morrer é para poucos”, comentou o internauta A. Santana.
Compreensão
A sensibilidade da família ao atender o pedido de Norbert Schemm é digna de aplausos efusivos.
Aviso desde já. Se o Divino Pai Eterno me permitir oportunidade semelhante, não abrirei mão.
Onde eu estiver – hospital ou residência – a cerveja vai estar por perto para o último brinde.
Peço aos meus parentes a mesma compreensão demonstrada pelos descendentes de Norbert.
Pretendo sucumbir de fralda, de camisa e energizado pelo gole derradeiro ao lado de quem se importa comigo.
Se existe plenitude na morte, imagine um homem realizado sussurrando “esse cara sou eu” na despedida.
LEIA MAIS ? Sexta-feira, dia internacional da cerveja, é dia de Zeca Pagodinho
Acompanhe a Folha Z no Instagram (@folhaz), no Facebook (jornalfolhaz) e no Twitter (@folhaz)
Discussão sobre isso post