No dia 19 de agosto de 2013, 4 adolescentes foram mortos a tiros em Aparecida de Goiânia em um crime que chocou a cidade e ficou conhecido como a Chacina da Serra das Areias.
As vítimas foram Neylor Henrique Gomes Carneiro, 18 anos, Denis Pereira dos Santos, 16, Daniele Gomes da Silva e Raissa de Souza Ferreira, ambas de 15.
Após os homicídios, 3 dos corpos foram carbonizados.
Segundo informações do Ministério Público, o acusado, Thaygo Henrique Alves Santana, na época com 18 anos, agiu movido por ciúmes.
Ele namorava outra adolescente de 15 anos ligada ao grupo e teria ficado irado por conta de mensagens enviadas a ela por Neylor.
Tomado de ciúme, Thaygo passou a planejar a morte do rapaz.
Plano elaborado pelo acusado do crime bárbaro na Serra das Areias
Foi então que, pouco depois, na tarde do dia 19/08/2013, Thaygo e outros 3 comparsas colocaram o plano em prática.
Em um carro e armados, eles sequestraram Daniele e Raissa, que foram obrigadas a apontar o endereço de Neylor.
Na sequência, também raptaram o jovem e um amigo dele, Denis.
Com todas as vítimas, o grupo então se dirigiu a uma parte densa da Serra das Areias, principal reserva ambiental de Aparecida de Goiânia.
Execução de Neylor, Raissa, Daniele e Denis
Segundo o Ministério Público, Thaygo deu a ordem para que os 4 jovens se enfileirassem lado a lado.
Primeiro, matou Neylor com 1 tiro na cabeça. Depois, ordenou que os comparsas matassem Raissa e Daniele, da mesma forma.
Na sequência, os autores levaram Denis para outro local, na mata, e o mataram também, baleado na cabeça.
Nos corpos de Raissa, Daniele e Neylor, eles atiraram gasolina e atearam fogo, na tentativa de dificultar a identificação.
Dias depois, porém, todos os cadáveres foram localizados e identificados.
E aí começou a caçada pelos autores.
Prisão de Thaygo e dos comparsas
De acordo com os autos, Thaygo queria matar Neylor e, para isso, contou com a ajuda de Alison Pereira Costa e Silva e outros 2 menores.
Alisson e 1 dos menores, porém, foram assassinados ao longo do processo.
Mas uma adolescente teve atuação decisiva na chacina.
Segundo apurado pela investigação, a jovem namorada de Thaygo participou do planejamento do crime.
Foi ela quem entregou a localização das meninas, que eram suas amigas mais próximas na escola.
Depois, ainda teria sido ela quem atirou contra Denis.
Encontrada 11 dias após os homicídios na casa de uma tia de Thaygo, ela ajudou a polícia a capturá-lo.
Conhecido como “Thayguinho do Garavelo”, o rapaz também foi encontrado 2 semanas após os crimes.
Ele estava com 2 comparsas, em uma casa, em Aparecida.
À polícia, a adolescente disse que achava que o namorado planejava apenas “brigar” com Neylor, nada além disso.
Já Thaygo, em depoimento, afiançou que a jovem teria pedido a ele que matasse Neylor “como prova de amor”.
Condenação do acusado pelo crime
Quase 5 anos depois, no dia 15 de abril de 2019, um júri popular composto por 7 pessoas decidiu condenar Thaygo Henrique Alves Santana.
Foram quase 10h de julgamento.
Pelo homicídio de Neylor, ele foi condenado por 4 votos a 1.
Pelas mortes de Daniele e Denis, 4 votos a 2.
Já com relação a Raissa, 4 a 3.
Em seu depoimento, Thaygo negou todos os fatos imputados a ele.
À época já com 24 anos, o condenado recebeu pena de 63 anos de reclusão.
Fuga de Thaygo
Como já havia passado 6 anos na Casa de Prisão Provisória de Aparecida de Goiânia aguardando julgamento, Thaygo, naquela altura, ainda tinha 57 anos para cumprir da sua pena.
Mas ele não tinha intenção de respeitar a sentença.
Pouco mais de 1 semana após o júri, em 23/04/2019, o criminoso se juntou a outros 23 detentos que fugiram da CPP.
De acordo com o Sindicato dos Servidores do Sistema de Execução Penal de Goiás (Sinsep), o grupo preparou uma emboscada para os agentes prisionais.
Os servidores foram rendidos enquanto levavam os presos que trabalhavam na lanchonete da carceragem de volta para suas celas.
Durante a fuga, 6 detentos foram feridos e não tiveram êxito.
Outros 8 foram recapturados no dia seguinte e outro morreu em troca de tiros com policiais militares.
Thaygo, porém, nunca foi localizado.
Procurada pela Folha Z, a Diretoria Geral de Administração Penitenciária (DGAP) de Goiás informou que ele continua foragido.
O luto
Em entrevista à TV Record em novembro de 2014, familiares das vítimas relataram a dor da perda dos jovens.
A reportagem também mostrou vídeos gravados poucas horas antes da chacina.
Nas imagens, Raissa e Daniele aparecem dançando ao lado da namorada de Thaygo na manhã do crime.
Em outro registro, Neylor e Denis brincam com colegas de escola, sem saber que estavam nos planos macabros no assassino.
“É uma perda muito grande, por nada… Eu só quero que tudo isso acabe de uma maneira justa”, comentaram os pais de Neylor, 6 anos atrás.
Veja:
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