Falta de materiais, esquemas, descumprimento da carga horária por parte de profissionais e farra com os chequinhos (marcações de exames).
Inchaço da máquina pública com cargos comissionados, sistema de informática ultrapassado e dificuldade da população em conseguir acesso aos procedimentos médicos mais complexos.
Esses são apenas alguns dos problemas enfrentados por há tempos pela Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS).
Entretanto, no início do ano passado, a cirurgiã oncologista Fátima Mrué foi escolhida pelo prefeito Iris Rezende (MDB) para tentar modificar o cenário catastrófico da Pasta.
Ao longo de 2017, Mrué instaurou algumas medidas consideradas importantes por ela para cumprir o acordo firmado com Iris para melhorar os serviços públicos de Saúde na capital.
Entre medidas estão:
1 – Credenciamento de novos médicos
2 – Fechamento do Ciams Jardim América para construção de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) no local
3 – Extinção do sistema antigo de “chequinho” para marcação de exames
4 – Implantação de um software que promete controlar de forma efetiva os serviços terceirizados da SMS.
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“Farra”
Antes, o que se observava era uma verdadeira farra dos prestadores de serviços.
Fontes internas na SMS apontam que muitos laboratórios recebiam por procedimentos não realizados, por exames fantasmas.
Além disso, muitas unidades recebiam valores complementares para realizar exames. A SMS se rendia aos caprichos dos prestadores de serviço.
Mrué decidiu então que todos os procedimentos médicos deveriam ser pagos conforme os valores que constam no Sistema de Gerenciamento da Tabela Unificada de Procedimentos do Sistema Único de Saúde (SUS), documento que específica as normas que devem ser seguidas pelas gestões da saúde pública de todo País.
Por isso e pela postura firme e, muitas vezes, impassível, Mrué foi alvo de críticas de colegas médicos, de veículos de comunicação e de vereadores da base e da oposição.
O parlamentar Clécio Alves (MDB) chegou a elevar o tom e classificar a secretária como um “desastre, do desastre, do desastre”.
Críticas hostis
Vistas por fora, algumas críticas eram tão hostis e depreciativas que soavam misóginas. Apesar disso, Fátima seguiu nadando contra uma maré de gigantes.
Em outubro, a Câmara instaurou uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para investigar a Saúde e atuação de Fátima Mrué.
Convocada no mínimo três vezes para prestar esclarecimentos aos vereadores, a secretária compareceu a todas para explicar que encontrou na SMS uma dívida acumulada de R$ 62 milhões e que buscou reequilibrar as urgências e equacionar as contas herdadas da gestão passada.
Vexame
Na véspera de Natal, talvez em busca de holofotes, vereadores integrantes da CEI “invadiram” o Cais de Campinas para checar a presença de gestores no local e coincidentemente encontraram Fátima Mrué trabalhando.
Ficaram envergonhados, claro.
Diante do fluxo de acontecimentos e de posições contrárias de vereadores e de parte da opinião pública, o prefeito manteve Mrué no cargo.
No fim do ano, Iris pontuou que a secretária estava permanentemente “debruçada sobre projetos importantes que vão garantir assistência médica com qualidade”.
Assim como no ano anterior, 2018 prevê fortes emoções.
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O fato, entretanto, é que Mrué continuará causando desconforto em vários segmentos, modificando a estrutura da SMS e implementando projetos na Saúde municipal com o aval do prefeito.
“Fazemos uma gestão diferente, quebrando paradigmas e realizando mudanças importantes totalmente centradas no paciente, e não no gestor, não no prestador”, disse ela.
Ao que parece, a secretária reconhece a fragilidade do sistema de atendimento à saúde e tem medidas para corrigir os erros do passado.
Aguardemos os próximos episódios.
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