As instituições não estão mais conseguindo lidar com a crise
Não tenho 1% do conhecimento jurídico de Eloisa Machado, professora do curso de direito da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, mas vou cometer a afronta de simplificar a excelente entrevista concedida por ela ao jornal Folha de S. Paulo desta quarta-feira. Mirando Executivo, Legislativo e Judiciário, ela declarou: “As instituições não estão mais conseguindo lidar com a crise. Todo mundo está colaborando (para o pior)”. Traduzindo em miúdos: a vaidade e as desavenças pessoais entre homens públicos transformaram o país numa anarquia política e jurídica.
Provocação do Senado
Não há equilíbrio e muito menos respeito entre os poderes. Cada um age da forma que melhor lhe convém. Eloisa Machado utilizou o termo “deterioração das instituições” para definir a balbúrdia que tomou conta dos gabinetes refrigerados da capital federal. Exemplo da professora: Renan Calheiros sequer poderia ter sido escolhido para presidir o Senado da República por já responder a uma série de inquéritos no STF. Concordo. Impossível não entender a escolha como uma provocação, contrariando e afetando a sensatez de uma parcela dos magistrados.
Ausência de um líder
A inabilidade do ministro Marco Aurélio em tirar Renan Calheiros da presidência do Senado sem uma decisão colegiada é outro ponto apontado pela professora da FGV como fundamental para o acirramento dos ânimos. Enquanto isso Michel Temer, presidente desgastado e sem autoridade suficiente para exercer o papel de “bombeiro”, se limita a pedir calma e prudência para parlamentares e magistrados. Retrato da ausência de um líder com a necessária credibilidade para proteger os pilares do regime democrático.
“Quanto pior, melhor”
Eloisa Machado não faz críticas pessoais, mas fica clara a sua descrença com o clima de enfrentamento que tomou conta da Praça dos Três Poderes. A expressão não foi utilizada pela professora, entretanto o clima que reina no Planalto Central é do “quanto pior, melhor”. Em período de muitos acidentes aéreos, o recomendável a nós, passageiros, é apertar os cintos e rezar para que a forte turbulência não derrube a aeronave chamada Brasil.
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