A presidente veio a Goiânia no dia 19/03/2015 para anunciar o BRT, juntamente com o prefeito do PT, Paulo Garcia. No evento, esteve presente o governador de Goiás, Marconi Perillo, do PSDB. O ambiente era controlado. Haviam simpatizantes da presidente, do prefeito e do governador.
Pouca gente fazia protesto do lado de fora, um forte sistema de segurança e isolamento havia sido montado, o que é muito comum em eventos em que um chefe de estado está presente. Tomaram-se umas panelas, nada além disso. Não poderia ser diferente, afinal, menos de uma semana atrás, houve protestos em grande parte do Brasil.
O único momento realmente fora do roteiro foram as vaias ao governador Marconi Perillo (o que já não é muita novidade, somente no ano passado foram três grandes manifestações deste tipo). As vaias, visivelmente, irritaram o governador.
Carta na manga
Como carta na manga o governador saiu em defesa da presidente como se as vaias fossem dirigidas à ela. A presidente havia sido hostilizada dias atrás em todo país. Um governador do PSDB, em público, defendendo a presidente, que é do PT.
Pode parecer a velha máxima: ”Governo não faz oposição a governo” – entretanto, temos as entrelinhas. Com déficit de R$ 1,5 bilhões nas contas estaduais, nada melhor que sair em defesa de um possível bom credor.
O discurso de intolerância serviu para que o governador defendesse a presidente e se defendesse com certa irritação, mesmo que usando o nome da presidente. Isso causou uma imediata crise de identidade entre petistas e tucanos em Goiás.
Marconi criou o nivelamento de discursos
O governador foi experto, criou o que dizemos em política: “o nivelamento de discursos”. Chamou os presentes para planície. Se fosse o contrário, talvez a presidente usasse o mesmo recurso.
Lá fora, em Minas, Rio e São Paulo a atitude de Perillo gerou certo descontentamento da cúpula do PSDB, sendo que, 10 dias antes, em evento do PSDB, Marconi sugeria pesadas críticas ao governo Dilma. Isso, provavelmente, afasta o goiano da linha de sucessão para 2018 na oposição ao PT, dentro do PSDB.
Marconi já têm estreito contato com Kassab. Pode ser um plano B. O PR é um opção. Seria uma brecha para disputar um mandato nacional. Com a anuência de Dilma, e o PT, Marconi poderia rachar a oposição ao governo petista.
A ordem é sobreviver as manifestações e descontentamento do povo. Marconi ainda têm questões mal resolvidas no STF. A presidente pode ajudar.
E 2018 vai ficando interessante. Tanto jogo de cena pode fazer as coisas ficarem, no mínimo, diferentes e intrigantes.
Por Gercyley Batista
Vice-presidente Regional PRP – Goiás
Discussão sobre isso post