Jeferson Alves Martins, de 25 anos, foi morto com 4 tiros no último sábado, 9, em Aragarças (GO).
Segundo a Polícia Militar (PM), a vítima foi alvejada em confronto após suposto furto em uma fazenda na região.
Antes de morrer, ele teria enviado áudios para a mãe e à namorada que contradiz a versão dos policiais que participaram da ocorrência.
A PM afirma que foi recebida a tiros durante a abordagem e reagiu.
Para a mãe, Jeferson enviou o seguinte áudio:
“Ei, mãe, um colega meu me ligou aí para ajudar ele num carro que tinha estragado aqui para o rumo da fazenda, mas ele tinha roubado a fazenda. Aí o povo [polícia] foi e me pegou aqui, a polícia está comigo aqui, o Khenyo e o Tadeu [os dois cabos que estavam na ocorrência], entendeu? Tá correndo atrás do cara. Não sei se vou ficar preso, não, mas pelo jeito eu vou. A senhora já conecta a advogada aí”, deu ele a entender que já estava sob custódia e aguardava enquanto os agentes buscavam o segundo suspeito.
Áudio enviado para a namorada:
Martins afirmou que foi ajudar um colega próximo ao Córrego Grande, mas fez um relato semelhante. “Achei que o menino estava só com o carro estragado, e o menino tinha era roubado uma fazenda, entendeu? A polícia me pegou aqui e eles tá correndo atrás para ver se acha o menino. Eles já sabem quem foi que roubou. Não sei seu vou sair ou estou preso.”
Apuração
Na tarde desta quarta-feira, 13, Ricardo Galvão, delegado da cidade de Aragarças, ouviu os cabos que disseram ter recebido a informação no sábado sobre o furto em uma fazenda.
Segundo a dupla, Jeferson estava de moto.
Quando o abordaram, segundo os policiais, ele efetuou disparos contra a viatura. Em seguida, Jeferson teria fugido para um matagal e atirado novamente contra os PMs.
Sobre os áudios, os cabos disseram ao delegado que, possivelmente, ele enviou durante a perseguição.
Na ocasião, um revólver calibre 32 foi apresentado pela PM e atribuído a Jeferson. Uma perícia na arma foi solicitada pelo delegado.
A Polícia Civil achou estranho o corpo da vítima ter sido transportado para o hospital da cidade, pois de acordo com o relatório do Instituto Médico Legal (IML), Jeferson teria morrido logo ao ser alvejado.
De praxe, o corpo teria que ter ficado no local, até a chegada da perícia.
Versão do comandante
Major Sandro Cardoso, comandante da 4ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM) de Aragarças afirmou que os policiais foram vítimas de um atentado e agiram em legítima defesa.
Segundo ele, “Jefinho Preto” (apelido de Jeferson) possuía diversas passagens pela polícia.
O irmão de Jeferson, Gean Alves do Nascimento, também recebeu mensagens do irmão.
“Ou, to prezo (sic).”
Gean chegou a perguntar o que houve, mas não teve mais respostas.
Ao O Popular, ele afirmou que Jeferson jamais teria trocado tiros com a PM, pois era pai de duas crianças e acredita que ele tenha sido vítima de uma emboscada.
Um procedimento militar foi instaurado para apurar o caso. A Policia Civil e o Ministério Público investigam o caso.
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