Contra Michel 1
Está cada vez menos desconfortável a situação do vice-presidente Michel Temer (PMDB), à frente da articulação política do governo. No Palácio do Planalto e no PT quase todo mundo reconhece o sucesso da atuação dele para tornar um pouco mais civilizada a relação entre o Palácio do Planalto e o Congresso. O problema é a ciumeira. A mais evidente é do ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, que não tem feito a menor questão de esconder o incômodo diante da atuação de Temer, segundo confidenciou um importante líder da base aliada. Mercadante estaria com receio de perda de espaço como braço direito de Dilma Rousseff e com medo de o PT perder ainda mais espaço no atual governo.
Contra Michel 2
A relação entre Michel Temer e os petistas do primeiro escalão estaria tão delicada, segundo o líder que pediu para ter a identidade preservada, que a situação tem chamado a atenção dos parlamentares. Até o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que nunca foi muito amigo do vice-presidente da República, já saiu em defesa de Temer e mandado um recado a Dilma Rousseff: “se o vice-presidente perder espaço, os rebeldes do Congresso vão com força para cima do governo”. De uma maneira ou de outra, a aposta é que depois de votadas todas as propostas de ajuste fiscal, Temer estaria fora do cargo. Tem gente que aposta no mesmo futuro para o ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
Pauta-bomba
Por falar em Eduardo Cunha, é cada vez mais evidente a manobra dele, à frente da Câmara, para encantar os parlamentares da oposição, os rebeldes e os chamados independentes. Cunha tem se aproveitado da fragilidade da presidente Dilma Rousseff, cuja popularidade despencou para apenas oito por cento nos últimos dias, para montar uma pauta-bomba, formada por projetos anti-governo, conservadores e de autoria dos parlamentares. E como está sob a mira da opinião pública, Cunha já avisou que sob o comendo dele a Câmara vai bater todos os recordes de votação de projetos em uma legislatura. O problema é o tipo de projeto que vem sendo votado.
Pegar Lula
Os parlamentares da CPI da Petrobrás estão apostando todas as fichas no depoimento do presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto, para finalmente achar o fio da meada que ligaria o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao suposto esquema de corrupção e desvio de dinheiro, por meio do BNDES. Segundo o deputado federal Arnaldo faria de Sá (PTB-SP), Okamoto poderá começar a entregar o ex-presidente ao explicar a doação de R$ 4,5 milhões da empreiteira Camargo Correia. A suspeita é de triangulação, segundo Correia de Sá. O dinheiro sairia dos cofres do BNDES para “financiar” as empresas e estas fariam repasses disfarçados de doações a partidos e políticos.
Saída de Paim
Falta pouco para o senador Paulo Paim (PT-RS) deixar de vez o partido. Ele já vem anunciando esta possibilidade há tempos e o tiro de misericórdia na esperança de colegas históricos de legenda é o fato de o governo ter anunciado claramente a rejeição à regra 85/95 para conceder aposentadoria. Paim é defensor do fim do fator previdenciário há vários anos e já anunciou que renuncia ao cargo se o governo provar que a Previdência é deficitária. Juntado isso ao desgaste da relação com o PT, que se arrasta há tempos, a saída é questão de semanas, segundo um colega de legenda do senador. E para onde quer que vá, Paulo Paim ainda deve levar outro importante senador petista, Walter Pinheiro (BA), outro sem espaço no PT.
Pacto Federativo
Em mais uma reunião com prefeitos de todo o país para discutir o novo pacto federativo, os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros, aproveitaram a oportunidade para explorar fragilidades do governo federal e fortalecer os nomes deles como amigos dos municípios. Ambos querem se fortalecer para futuras disputas e sonham com candidatura própria do PMDB nas eleições de 2018. Evidente que estariam “à disposição” do partido.
Contato desta coluna: noticiasdopoder@uol.
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