Bebendo pra esquecer
Sabe aquela sensação de impotência, de desânimo em relação a uma batalha perdida? E nem adianta desligar a tevê para fugir dos sucessivos relatos sobre o elevado crescimento da criminalidade no país. Como formigas, os bandidos estão por toda parte: do pequeno município no interior do Piauí, estourando agências bancárias, à zona sul do Rio de Janeiro comandando tráfico de drogas e arrastões nas praias.
Em Goiânia não é diferente. Com o assalto à Tapera do Paim do Jardim Helvécia na última sexta-feira, encerrou-se um ciclo pessoal. No meu check list com a bandidagem faltava apenas o boteco preferido, aquele em que você toma uma (s) cerveja (s) de garrafa justamente para se recuperar das ações criminosas do dia-a-dia. Foi lá que muitas vezes bebi para esquecer dos assaltos à residência e também nas proximidades do trabalho e da igreja, além dos carros roubados e da perplexidade no semblante dos filhos.
Se correr o bandido pega
Sou uma vítima em potencial dos meliantes e confesso que já nem me importo com a sina. Desde que haja o mínimo de paz no cantinho etílico preferido para, pelo menos, poder rir e desabafar dos infortúnios. Por obra do destino não estava na Tapera do Paim na noite de sexta-feira, mas me incomodou sobremaneira aquela imagem do bandido com a submetralhadora na mão e os clientes se escondendo nas mesas. Um local marcado pelo ambiente familiar e com muitas crianças no parquinho. Resumindo: estão nos roubando até mesmo os sagrados direitos da bebida e da diversão.
Paraíso nordestino
Fortaleza tem se transformado no reduto dos traficantes estrangeiros. Pra lá eles se mudam quando a polícia aperta o cerco em seus estados de origem. Assim aconteceu com Luiz Cláudio Gomes, o “Pão com ovo”, e Iterley Martins, o “Magrelo”. Ambos viviam disfarçados na capital cearense e de lá comandavam parcela considerável do tráfico de drogas no Rio de Janeiro e em Goiânia.
Acima de qualquer suspeita
“Magrelo” se passava por comerciante há cerca de um ano e “Pão com ovo” conseguiu a proeza de mesclar papel de jogador profissional e evangélico fervoroso desde 2012. Para todos os efeitos ele jogava nos Emirados Árabes e frequentava a igreja regularmente nos meses em que permanecia em Fortaleza. Pelo que a polícia apurou, os dois traficantes chegaram a fazer expressivas doações a entidades filantrópicas.
Bico fechado
Uma rápida varredura nos condomínios fechados de Goiânia é suficiente para atestar o caminho inverso no vai-e-vem dos traficantes. O que tem de “empresário” e “jogador de futebol” por temporada não está no gibi. A vizinhança até desconfia, mas ninguém se aventura a fazer muitas perguntas.
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