“Cala a boca, Galvão!” é audiência de montão
Quem não se lembra da célebre frase do narrador esportivo Carlos Eduardo dos Santos Galvão Bueno: “A Copa do Mundo no Brasil (2014) será palco da minha despedida do microfone, já está na hora de programar a aposentadoria”. Com mais de 40 anos de profissão, a estrela da Rede Globo nem sequer se esforçou para honrar o compromisso. Assumiu a apresentação do Jornal Nacional durante os Jogos Olímpicos Rio-2016 e o papel de principal âncora em todas as modalidades esportivas.
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Também pudera. Mesmo rouco, quase setentão e com um histórico de gafes nas transmissões, Galvão Bueno se consolidou como sinônimo de audiência na tevê e polêmica nas redes sociais. Tudo aquilo que acontece logo após a saudação “Bem, amigos da Rede Globo” é motivo de comentário entre telespectadores e internautas. Galvão improvisa, inventa e erra dezenas de vezes. Segue rigorosamente o script de outros profissionais tarimbados do microfone , entre eles Sílvio Santos, Fausto Silva, José Luiz Datena e a saudosa Hebe Camargo. Todos com reconhecida ojeriza a roteiros pré-estabelecidos e confiantes no feeling pessoal para alavancar a audiência.
Chutômetro e adivinhação
Não importa a relevância do acontecimento esportivo: Olimpíada, Copa do Mundo, Fórmula 1, partida do campeonato amazonense de futebol ou jogo de peteca. Pra todos eles Galvão Bueno tem suas folclóricas doses de conhecimento, chutômetro e adivinhação. Não por acaso o bordão característico do narrador é “Cala a boca, Galvão!”, numa referência ao inesquecível personagem da atriz Marisa Orth, a Magda do humorístico “Sai de Baixo”. Até mesmo quem não simpatiza com o trabalho de Galvão Bueno costuma assisti-lo para dar boas risadas e tirar onda das derrapadas.
Exatamente por isso a Rede Globo não pensa duas vezes em protelar a aposentadoria do narrador. A audiência em qualquer modalidade esportiva, com Galvão na transmissão, cresce em média cinco pontos percentuais se comparada com outros profissionais. Nos grupos de pesquisas qualitativas, mantidos pela emissora, o que repercute são os comentários do Galvão, pertinentes ou inadequados.
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Polêmica no lugar na narração
Até mesmo divergências ensaiadas com Arnaldo Cezar Coelho, comentarista de arbitragem, são utilizadas para prender o telespectador de futebol em jogos sonolentos. Galvão Bueno cresce na polêmica porque deixou de ser narrador de ofício faz tempo. Confunde os nomes dos atletas e não tem voz suficiente para emocionar no grito. Resta-lhe o caminho da análise incessante para apimentar a transmissão. E seu molho é feito com maestria, misturando a opinião de coadjuvantes como tempero para o prato feito da audiência.
A receita vem dando certo. Só não é possível prever até quando. Assim como o eterno candidato Iris Rezende, Galvão Bueno também prometeu não falar mais em aposentadoria. Ambos contrataram o mesmo empresário – Divino – para cuidar dos últimos preparativos. Sim, o Divino Espírito Santo.
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