Logo quando foi apresentar a HQ Hurulla no site de financiamento coletivo Catarse, Clayton Inloco disse que o material não tinha nada de revolucionário, não trazia nada de novo. De fato, a história segue uma linha bem conhecida pelos fãs de quadrinhos, mas isso não tira em nada os méritos do material.
Hurulla é como Conan. Mas apesar de repetir a fórmula, aquela pegada de fantasia, terror, aventura, não quer dizer que falta criatividade. Pelo contrário, a receita do bolo foi tão bem feita, que a iguaria saiu deliciosa, se podemos assim dizer.
Clayton pegou elementos fantásticos e ambientou as três histórias, que vem no volume 1 da revista, em um mundo ficcional. Homens pássaros, ladrões, donzelas em perigo, fantasmas e, claro, feiticeiros malignos, recheiam as páginas da edição, publicada pela editora Devaneio.
Protagonista
O personagem principal, conhecido apenas como Hurulla – um nome que ele parece não gostar –, é um homem misterioso. Mesmo na sinopse do material, o personagem parece uma interessante incógnita: “Vários adjetivos cercam o homem conhecido como Hurulla. Maldito, honrado, mercenário, aventureiro, cavaleiro ou desocupado”.
Porém, o importante é que Hurulla é bom de briga e, principalmente, bom com uma espada. O personagem cativa.
Arte
A HQ é preto e branca, tem 60 páginas, e traz a arte e roteiro inspirados de Clayton Inloco. A pegada é forte e visceral, que dá um ar rústico muito bacana a história. O design dos personagens também agrada e comumente o leitor pode ser levado em uma viagem no tempo, graças ao estilo utilizado – o que é muito bom, em tempos de traços tão computadorizados.
Sobre o autor
Clayton inLoco nasceu na Baixada Santista e hoje vive por aí. Ex-aluno da Quanta academia de artes, participou do projeto Máquina Zero promovido pelo Blog especializado em quadrinhos Quadro-a-quadro (há ser lançado) e divide o seu tempo entre os quadrinhos, muita música e aulas de dança-de-salão. (Biografia extraída da editora Devaneio)
Entrevista com o autor de Hurulla, Clayton Inloco
Folha Z – Como surgiu a ideia para criar essa história?
Clayton Inloco – Foi engraçado. A não ser pelo Conan e alguns filmes, nunca fui muito chegado no gênero fantasia. Depois que vi o primeiro Senhor dos Anéis eu fiquei empolgado e vi que bastante gente curtiu o filme, não só o mesmo público de sempre. Aí me veio a ideia do Hurulla, mas ficou só em alguns esboços. Daí decidi fazer uma HQ e optei por esse personagem. Desenvolvi um universo pra história e embora ainda estivesse por forte influência do filme, senti que tinha algo diferente pra contar.
Folha Z – A história tem uma pegada bem Conan, mas nem por isso deixa de ter seu brilho próprio. Você diz que não tem nada de novo, mas ainda assim, a história empolga e vendeu muito bem no Catarse. Como explica isso?
Clayton Inloco – Tem muito Conan mesmo, ainda mais a arte, que era espetacular. Mas a história do Hurulla teve por influência muito mais outras, como Hellboy e Lobo Solitário. E por mais que tenha grande influência dessas obras, sempre busquei meu caminho pra contar histórias, e por mais que ainda veja falhas no meu texto, acho que tem potencial pra melhorar. Procurei nestes primeiros volumes não querer reinventar a roda do gênero, optei por contar uma história mais básica mesmo, para as pessoas conhecerem como é o universo do Hurulla. E como foi via Catarse, onde praticamente 60% que apoiou não era leitor de quadrinhos, preferi contar uma história mais simples.
Folha Z – Você optou pelo Catarse, um site financiamento coletivo, mas também utilizou uma editora. Como funcionou essa parceria?
Clayton Inloco – O Catarse optei para viabilizar por dois fatores. O 1º foi a exposição que o site dá. A mídia especializada acompanha e divulga, os fãs de HQs acompanham e curtem muito participar e como sou novo na área, achei que era o melhor a fazer. O 2º foi que queria que a revista ficasse com o preço final o mais barato possível. A editora Devaneio também é nova no mercado e orçamento sabe como é, né? Então com o financiamento a impressão se pagava, e a editora cuidava da distribuição, e eu a parte legal, escrever e desenhar!
Folha Z – Hurulla é como o personagem é conhecido, mas não é seu nome. Pode nos dizer porque o personagem não gosta desse apelido, o que ele significa e qual o nome verdadeiro do protagonista?
Clayton Inloco – Não (risos)! Faz parte da história esse segredo todo (risos). E tem um grande motivo pra ele não ficar falando seu nome por aí.
Folha Z – Pra fechar: pretende lançar um segundo volume? Quando?
Clayton Inloco – Pretendo e já estou produzindo. Minha meta é até o próximo FIQ estar com três volumes prontos. E depois desses quero fazer um volume só com histórias de outros roteiristas.
Estou estudando fazer como webcomics também, como era a ideia inicial, mas ainda está em estágio embrionário.
Francisco Costa é jornalista e fã de quadrinhos – [email protected]
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