Elenildo C. Lopes, 31 anos, tem um projeto ousado. Reunir diversos heróis dos quadrinhos (independentes e fanzines) do Brasil e criar uma saga para gringo nenhum “botar” defeito. Editor e co-roteirista do grandioso projeto em quadrinhos A Ordem, o ator, editor, escritor, autor e publicitário, revela que a ideia desta história surgiu em 2010, quando percebeu que o público brasileiro não conhecia os personagens da casa. Segundo ele, daí viu que havia a necessidade criar um mercado de quadrinhos no Brasil.
Equipe
O projeto A Ordem não é apenas a junção de vários heróis nacionais. O álbum, que está na plataforma de financiamento coletivo Catarse, promete juntar, também, uma equipe de ponta para a realização da HQ.
Além de Elenildo, o roteiro ficou por conta de Gian Danton (O roteiro nas histórias em quadrinhos, Watchmen e a Teoria do Caos, Astronauta – MSP+50). Os responsáveis pela arte são Joe Bennet (Captain America, Deathstroke), Ivan Rodrigues (The Shadow, The Spider) e Diogo Freu (Zenescope Entertainment). As artes promocionais estão a cargo de José Luís (Vampirella: Southern Gothic, Teen Titans) e a colorização será feita pelo experiente Gil Santos (Capitão R.E.D).
A Ordem
Na trama, os heróis brasileiros se reunirão sob iniciativa do Capitão R.E.D., personagem criado por Elenildo, para enfrentar uma ameaça de proporções cósmicas. No total, serão mais de 20 heróis nacionais formando uma super-equipe.
Segundo informações no projeto de Elenildo, a história de A Ordem apresenta uma perigosa entidade conhecida como Darkface, que despertou bilhões de eras atrás e gerou uma supernova, chamando a atenção de vários outros seres cósmicos. Estes seres foram influenciados pelo mal de Darkface e se tornaram marionetes, sendo um deles, Unwath, enviado a Terra para destruir o planeta. Ao lado de uma entidade benigna, caberá aos heróis brasileiros lutarem para a preservação da humanidade.
O autor do projeto, Elenildo C. Lopes conversou com o Folha Z sobre o projeto.
Confira a entrevista na íntegra a seguir:
Folha Z – Como surgiu a ideia de fazer o projeto A Ordem?
Elenildo C. Lopes – Mesmo trabalhando há quase dez anos com quadrinhos sempre percebi o quanto o grande público não conhece nossos personagens, autores/artistas. Então, senti na pele a necessidade de se criar um mercado de quadrinhos no Brasil. Por isso eu e o cartunista Fernando Rebouças criamos em 2010 um movimento virtual chamado D.Q.B. – Democracia ao Quadrinho Brasileiro. Criamos também uma petição online visando muitas assinaturas para enviar as autoridades solicitando leis de incentivo voltado aos quadrinhos. Como parte disso, e pensando diretamente nos heróis brasileiros, vi que estava na hora de galgar degraus mais ousados. Então conhecendo os autores nacionais e personagens vi que era possível uma liga de super-heróis brasileiros. Nasceu assim o projeto.
Folha Z – Por que utilizar o Catarse? O que pode nos dizer sobre esta ferramenta.
Elenildo C. Lopes – Bom, tinha o projeto, tinha a equipe, mas não tínhamos como financiar os custos dos profissionais, então em reunião com os autores juntamos os grandes cases de sucesso no site Catarse e negociando com vários profissionais que adoraram a ideia, decidimos: “É a hora! Vamos procurar os nossos heróis. Os brasileiros”.
Sobre o Catarse acho uma ideia genial e válida, pois é uma forma de muitos profissionais procurarem patrocínios e financiamentos de suas obras por quem se identifica e curte, isto é, seu nicho. Mas por outro lado você percebe o quanto carecemos de empresários, leis de incentivos e autoridades que acreditem em nossos artistas realmente.
Folha Z – Fale um pouco da história de A Ordem
Elenildo C. Lopes – Sempre acreditei na força de uma boa história, então o nosso foco principal era conseguir um excelente roteirista. Então juntamos as minhas ideias, do Diego José, Augusto Velazquez e Gian Danton e fechamos o plot ou enredo definitivo que dará origem ao roteiro. Precisamos para uma boa história, além de heróis, um vilão a altura destes. Temos um vilão imortal, o Unwath que foi responsável por grandes guerras mundiais e continuará dando muito trabalho aos nossos heróis no primeiro álbum. Mas os eventos do primeiro álbum poderão despertar algo bem mais assustador, os Deuses Gêmeos do Apocalipse. Juntando com o universo e história de cada personagem que estará no enredo temos algo realmente incrível para um álbum grandioso como A Ordem!
Folha Z – Quem participa da produção com você?
Elenildo C. Lopes – Temos todos os autores que são essenciais para o projeto. Mas na equipe técnica agregamos além da função de autor suas experiências que é o caso do Augusto Velazquez, que trabalha diretamente no planejamento do projeto. Outros, ainda, se uniram ao projeto com seus personagens: Lincon Nery, Wellington Santos, Thiago da Silva, Ton Marx, Gil Santos, Francinildo Sena, Denilson Reis, Gabriel Rocha, Luciano Oliveira, Daniel Arcos, Diego José, Moacir torres, Gian Danton, José Amorim Neto, João Luiz Vital, Juliano Rocha, Rodrigo dos Santos. Eles mesmo fizeram seus vídeos, então já considero que todos estão produzindo mesmo que da sua forma. Além da ajuda de outros que não podem ser divulgados e meu amigo Eduardo Marchiori. Então somos uma equipe de produtores unidos, cada qual faz o que pode. Isso é o melhor de tudo. A união.
Folha Z – Como os personagens que integram a história foram escolhidos?
Elenildo C. Lopes – Quando lançamos as primeiras artes convocando os heróis, “Onde está seu herói?”, recebemos tantas adesões que tivemos que criar algumas regras e prazos. Então foi esse o processo: só podiam participar quem concordava com as regras que eram desde o tempo de criação do personagem e se ele já tinha sido publicado. No final fizemos uma seleção baseado no enredo do álbum, e como alguns saíram, tivemos que substituir tentando manter a mesma linha original.
Folha Z – Acredita que o Brasil possa concorrer de frente com os Estados Unidos no quesito “quadrinhos de heróis”?
Elenildo C. Lopes – Acredito sim. Sempre acreditei e sempre acreditarei. O que falta é acreditarmos em nós mesmos. Não inventamos o futebol, então a crença, e com a crença vem as ações, conseguimos ser até melhores que os países inventores. Mas isso leva tempo, então neste momento minha meta é pelo menos no quesito visual, história e profissional estarmos no mesmo patamar.
Folha Z – Vocês estão pedindo R$ 45 mil, que é um valor acima do que normalmente se vê em projetos de quadrinhos. Por que esse valor?
Elenildo C. Lopes – O valor a ser arrecadado para o álbum está dentro do quesito dos álbuns, além disso, se trata de um projeto não autoral, isto é, quem está fazendo são artistas e profissionais reconhecidos de nomes que vivem disso. A visão é algo grande e os custos para isso são mais elevados. Mas mesmo assim conseguimos fechar um custo benefício excelente.
Folha Z – Existem consumidores o suficiente no mercado nacional para os quadrinhos brasileiros se sustentarem sem ferramentas de crowdfunding?
Elenildo C. Lopes – Consumidores sim, o que falta é a criação de um mercado, de políticas e leis de incentivos para os quadrinhos brasileiros em geral. Vejo numa situação onde existem tantos artistas/autores, muitas iniciativas por parte dos autores independentes e a população só conhece Maurício de Souza. Poucas editoras se arriscam a publicar material e autores diferentes para públicos e gêneros variados. Um sinal disso é que as poucas editoras apostam somente em nomes conhecidos, vendendo assim nomes e não mantendo uma regularidade. Precisamos de regulamentações, escolas que formem profissionais para o nosso mercado e não resoluções que proíbem publicidades. Isso só dificulta mais ainda. Leis de incentivo assim como o cinema nacional e outros já possuem, como recentemente as empresas que produzem jogos no País ganharam incentivos por parte do nosso governo. Quando vamos ser vistos e lidos de verdade?
Folha Z – Você é o criador do herói Capitão Red. O que pode nos dizer de seu personagem?
Elenildo C. Lopes – Criei o personagem e publiquei, pois era um sonho como o de todo autor, mas ele foi mais aceito do que imaginei. E isso me deixa muito feliz! Então tenho muitas coisas planejadas para ele e sua grande história. Graças a ele poderei me arriscar em lançar mais personagens que serão lançados ano que vem (uma heroína e mais outros heróis). Além disso, para continuar e melhorar as publicações precisei estudar mais desde que o lancei em 2012. Então aguardem bastante novidade em 2015 do Capitão R.E.D.
Folha Z – Como adquirir material deste herói?
Elenildo C. Lopes – Ele foi lançado nas bancas de jornais do Rio de Janeiro e grande Rio e algumas lojas, mas hoje deve ter algumas lojas que ainda possuem exemplares. Porém agora é mais fácil comprar diretamente comigo: [email protected]
Folha Z – Gostaria de acrescentar algo?
Elenildo C. Lopes – Quero agradecer a oportunidade. Peço que todos contribuam para o projeto ser financiado, ele já é um sucesso. Então vamos concretizar isso. Acreditem nos seus sonhos assim com os autores nacionais acreditam. Eu costumo dizer que os autores são os grandes heróis, pois acreditam em si e lutam para mostrar seus ideais através de suas obras. Essas são também suas contribuições para uma sociedade mais justa. Foi disso que surgiu o nosso slogan. “Onde está seu herói?” Venha para A Ordem! Está na hora de mostrar seu herói, você é um deles, por isso financie, ajude, junte-se a nós! http://catarse.me/albumdqb. Obrigado!
Conheça os heróis que participarão de A Ordem:
Anjo Urbano – Rodrigo Dos Santos
Bruce, O Exterminador – Denilson Reis
Capitão R.E.D – Elenildo Lopes
Cover – José Amorim Neto
Crânio – Francinildo Sena
Dragão Negro – Thiago Silva
Ginasta – Heraldo Wilson
Homem Trator – João Vital
Inferno – Augusto Velazquez de Brito
Jaguara – Altemar Domingos
Jou Ventania – Lincoln Nery
Lagarto Negro – Gabriel Rocha
Máximus – Alan Yango
Max – Luciano Oliveira
O Carniça – Marcelo Gomes
Oigo – Diego Jose
Papo Amarelo – Moacir Torres
RBoy – Daniel Costa
Resistente – Juliano Rocha
Soberano – Lunyo Alves de Souza
Velta – Emir Ribeiro
Vulto – Wellington Santos
Morbidus – Rudimar Patrocínio
Personagem secreto – Gian Danton
*Obs: É possível haver mudanças quanto ao elenco de personagens.
Francisco Costa é jornalista e fã de quadrinhos – [email protected]
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