A obra de ficção mais real que o cinema brasileiro já produziu. As luzes do cinema se apagam, Tropa de Elite 2: O inimigo é outro começa e logo surge na tela a advertência “Essa é uma obra de ficção, qualquer semelhança com a realidade é apenas coincidência”. No entanto, bastam algumas cenas para se notar a ironia do comentário, os assuntos abordados na trama são velhos conhecidos do cotidiano brasileiro e não raro aparecem estampados nas manchetes dos jornais.
Tropa de Elite 2 retoma a saga do personagem capitão Nascimento agora dez anos mais velho. Nascimento passa a ser comandante geral do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) e depois Sub Secretário de Inteligência da polícia. Ele afasta o tráfico de muitas favelas cariocas, impede que os policiais corruptos faturem com o desmantelamento do tráfico, mas descobri que na segurança pública do Rio de Janeiro nada é o que parece e que o problema a ser enfrentado não se restringe ao tráfico. Logo Nascimento percebe que “O buraco é bem mais em baixo”.
Um filme intenso que leva os espectadores a saírem da zona de conforto e olharem de frente a corrupção e o descaso público, responsáveis pelas principais mazelas brasileiras. Na ocasião do lançamento o diretor do filme, José Padilha, disse que não tentou produzir puro entretenimento. Padilha ressalta: “Objetivo foi o de gerar uma inquietação no espectador”.
Para a psicóloga Viviane Castro, 25 anos, os pontos altos da trama são a abrangência política do enredo e a discussão acerca dos Direitos Humanos que vê a violência não só como mero acontecimento, mas sim como conseqüência de um sistema econômico mal sucedido. “Tropa de Elite 2 é um filme que balança o público emocionalmente e intelectualmente. Mexe com a cabeça do espectador porque há um choque entre sentimentos pessoais, valores morais e sociais”, diz Viviane. Certamente Tropa de Elite 2 é um filme para ser visto por todos os brasileiros.
Recorde de bilheteria
Exibido em 700 salas espalhadas por todo o país, Tropa de Elite 2: O inimigo é outro já atraiu aos cinemas 5 milhões de espectadores. O filme foi lançado oficialmente no dia 8 de outubro e já no primeiro final de semana em cartaz, obteve a quinta maior bilheteria de uma estréia em salas nacionais, ficando a frente de produções internacionais como X-Men, Harry Potter e Piratas do Caribe.
O primeiro filme da saga, “Tropa de Elite”, foi lançado em 2007 e ganhou o Urso de Ouro no Festival de Berlim, em 2008. Apesar do grande sucesso que levou mais de 2 milhões de espectadores aos cinemas, Tropa de Elite sofreu com o mercado pirata de DVDs, estima-se que 11 milhões de pessoas tenham assistido a versão não oficial do filme (segundo pesquisas do DataFolha e do IBOPE).
Curiosidades
A veracidade das cenas encontradas em Tropa de Elite 2, principalmente nas seqüências de ação, ficou a cargo do núcleo de efeitos especiais formado por uma equipe de profissionais renomados trazidos diretamente de Hollywood. Dentre eles estão Bruno Van Zeebroek, de “Transformers”, William Boggs, de “Homem-aranha”, e Keith Woulard, de “O curioso caso de Benjamin Button”, “Independence day” e “Forrest Gump”.
Outra curiosidade é relativa ao conflito vivido pelos presidiários logo no início da trama. O presídio de Bangu 1 foi reconstruído em seus mínimos detalhes num estúdio de mil metros quadrados, consumindo cerca de 15% do orçamento do filme, estimado em R$ 16 milhões.
O personagem capitão Nascimento vivido pelo ator Wagner Moura, bem como sua história fictícia, foi inspirado nas experiências vividas pelo ex-comandante do BOPE Rodrigo Pimentel e de outros integrantes da corporação. Rodrigo Pimentel é co-roteirista de “Tropa de Elite” e “Tropa de Elite 2”.
(Daniella Barbosa)
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