Discutindo o delegado Waldir na padaria
Um diálogo corriqueiro entre dois trabalhadores na manhã de hoje, enquanto devoravam pão com ovo na padaria, serviu-me como inspiração para abordar a sucessão municipal de Goiânia por outro ângulo. O jovem virou para o mais velho e disparou: “Vou votar nesse delegado Waldir porque ele não tem medo de cara feia, vai enfrentar os malas e enquadrar os corruptos”. Falou com propriedade, com a certeza de que grande parte dos problemas da capital goiana será resolvida com o pulso forte do pré-candidato do PR.
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O que você vai ler a seguir é um resumo do que respondi aos dois amigos quando minha opinião foi solicitada, afinal notaram a perplexidade no rosto. Disse-lhes que tinham todo direito de procurar um nome novo na disputa eleitoral, alguém com um perfil diferente. E o paranaense Waldir Soares de Oliveira, 53 anos, deputado com a maior votação da história de Goiás para a Câmara Federal (274 mil e 625 votos), se enquadra nesse contexto. Agora jamais deveriam elegê-lo apostando na figura do salvador da Pátria, no prefeito capaz de resolver, no grito, todos os problemas.
Gargalos dos governantes
Expliquei aos trabalhadores as diferenças básicas entre as atribuições de um parlamentar e de um prefeito. Não fugi dos exemplos. Contei a aflição do ex-prefeito Iris Rezende por ter prometido “consertar o transporte coletivo de Goiânia em seis meses” e, ao final, ser obrigado a reconhecer que promoveu apenas avanços localizados. Também falei do grande fiasco cometido na segurança pública pelo governador Marconi Perillo e seu vice José Eliton. Politizaram as ações no setor e não se preocuparam com o baixo efetivo das Polícias Civil e Militar, menos da metade do mínimo necessário (20 mil) para combater a bandidagem nos 246 municípios.
Como a conversa já chamava atenção de outras pessoas, fui direto ao ponto: o voto no delegado Waldir pode significar preferência pelo diferente, pelo prazer de experimentar algo novo, porém nunca por suas promessas inconsistentes. Aliás, quase tudo o que se diz sobre segurança pública tem cheiro de falácia. Pré-candidato do PSB em Aparecida de Goiânia, o deputado Marlúcio Pereira teve a ousadia de declarar que a Prefeitura, caso ele vença a eleição, “irá assumir o problema de qualquer jeito, mesmo ignorando dispositivos constitucionais, para atender o anseio da população”.
Sinceridade explícita
Já levantando das cadeiras, os trabalhadores ouviram a última observação: “Ainda não tenho candidato definido, o cenário não é dos mais animadores, portanto estou longe de defender qualquer postulação. Peço apenas que reflitam bastante na distância entre o possível e o inalcançável”.
A resposta do jovem ao meu apelo foi curta e objetiva: “Sabemos dos excessos do delegado Waldir, fazem parte da encenação do candidato. Ele tem chance de vencer mais pelas deficiências dos outros”. Pensei: contra sinceridade explícita não há argumento. O futuro de Goiânia – maltratada nos últimos anos – ao eleitor pertence.
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