Uma enfermeira, que atua como esteticista em Aparecida e em Goiânia, é investigada pela Polícia Civil (PC) por realizar procedimentos estéticos de maneira irregular.
Clientes da investigada fizeram as denúncias após perceberem problemas em seus rostos, resultado de procedimentos estéticos com a profissional..
A delegada do 5º Distrito Policial (DP) de Aparecida, Luíza Veneranda, investiga os casos.
Segundo ela, todas as sequelas e deformações foram registradas após intervenções feitas pela enfermeira.
Ela relatou que, até o momento, 7 clientes da profissional já procuraram a delegacia com queixas semelhantes.
As vítimas relataram à delegada que ficaram com rosto inchado e partes do corpo, como seios e bumbum, deformados.
Um inquérito foi instaurado para investigar a suposta atuação ilegal da profissão.
Entenda o caso
A investigada tem formação em enfermagem e pós-graduação em estética.
Em suas redes sociais, no entanto, ela afirma que é formada em dermatologia.
No perfil, ela também divulga procedimentos realizados com ácido hialurônico na região do bumbum, dos seios e do rosto.
Segundo Luíza Veneranda, 3 das 7 vítimas realizaram preenchimento na face e tiveram complicações.
2 mulheres e 1 homem.
Eles tiveram seus rostos inchados e deformações nos olhos.
Os 3 pacientes procuraram a profissional a respeito do que estava acontecendo.
Ela recomendou e prescreveu o uso de antibióticos, dizendo que as complicações eram normais.
Passado 1 mês, os pacientes ainda estavam com as deformações e sofreram sérias complicações.
Todos tiveram que ir ao hospital.
De acordo com a delegada, o homem está tomando antibiótico até hoje por causa dos efeitos colaterais do procedimento.
Denúncias em comum
Segundo a delegada, todas as vítimas da esteticista relataram o mesmo modus operandi.
A suspeita não fazia nenhum tipo de análise médica anterior aos procedimentos e não explicava os riscos.
As vítimas disseram para a delegada que a suspeita também não fornecia um prontuário.
Eles relataram ainda que a profissional não se vestia adequadamente, tendo casos em que ela não utilizava nem mesmo luvas para realizar os procedimentos.
Veneranda também explicou que a enfermeira não mostrava aos pacientes o produto que iria utilizar.
Relato de vítima
No dia 22, uma vítima procurou a polícia.
A Folha Z conversou com a mulher sobre o caso.
Ela contou à reportagem que realizou o procedimento estético no seio e no bumbum.
A profissional disse para a vítima que estava utilizando ácido hialurônico com hidroxiapatita.
Durante o procedimento, a vítima reclamou de dores e a enfermeira disse que era normal.
No dia seguinte, ela afirmou ter sentido uma dor insuportável, mal conseguindo se levantar.
Para tentar conter as complicações, a esteticista aplicou injeção de dipirona e antialérgico na moça.
Além disso, ela prescreveu o antibiótico cefalexina para a vítima, mas não deu a receita.
A profissional insistiu que as dores sentidas eram normais, e pediu para que a paciente não procurasse um médico.
No entanto, após alguns dias, o seio e o bumbum da vítima necrosaram.
Diante a situação, a vítima procurou um médico no Hospital das Clínicas da UFG.
Após exames, foi constatado que ela estava com uma grave infecção e precisou ficar internada por 10 dias.
A paciente foi atendida por especialistas em infectologia, mastologia e em dermatologia.
Mesmo liberada pelos profissionais, a mulher continua sob tratamento com antibióticos.
Devido à gravidade da infecção, eles acreditam que a recuperação deve ser demorada e ainda há análise da possibilidade de uma cirurgia para resolver os problemas.
Polícia aguarda perícia
A suspeita afirmou ter usado ácido hialurônico de renome em todos os seus procedimentos.
No entanto, os médicos suspeitam que o medicamento utilizado foi outro que é proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Uma biópsia foi feita para investigar o produto.
A polícia aguarda resultados.
Investigação contra a profissional
No dia 10 deste mês, a PC realizou mandados de busca e apreensão na clínica investigada.
A clínica foi interditada e outras medidas cautelares foram aplicadas.
Além disso, a autoridade policial requereu ao Poder Judiciário a indisponibilidade de eventuais bens no valor de R$ 500 mil da suspeita.
O caso segue em investigação.
A divulgação da imagem da suspeita foi autorizada para que outras vítimas com lesões procurem à polícia.
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