Na época das eleições eles estão por toda parte, fazem promessas e buscam votos. Depois de eleitos, deixam de visitar e de trabalhar em busca de melhorias para muitas regiões de Goiânia. Moradores de bairros como Jardim América, Nova Suíça, Bueno, Parque Amazônia e Conjunto Oásis reclamam da falta de representatividade política nesses locais. Para eles, a falta de vereadores que representem esses bairros é uma grande carência da região, o que torna difícil as tentativas de melhorar situações problemáticas vividas pelos moradores e comerciantes.
A instrutora de esportes, Lucivânia Batista da Silva, de 35 anos, mora no Jardim América e com freqüência tenta resolver, junto à Prefeitura de Goiânia, problemas que ocorrem próximo à região onde mora, muitas vezes sem sucesso. “Não tem nenhum vereador que represente o bairro. Eu sempre tento ajudar, mas enfrento dificuldades”, revela.
Lucivânia é conhecida por muitos moradores da região por tentar solucionar problemas do bairro. A instrutora conta que há 15 anos tenta conseguir resolver o problema da falta de sinalização na Avenida C-104, onde ocorrem muitos acidentes, em vão. “Já fiz um ofício para a prefeitura, abaixo assinado, procurei políticos que prometeram ajudar, já chamei a imprensa e também falei com o presidente da Agência Municipal de Transportes (AMT), que prometeu uma solução, mas até hoje nada. Acho que se tivéssemos um representante, não tínhamos mais esse problema”, afirmou.
Outra situação que Lucivânia tenta resolver é a questão da construção de uma quadra de esportes no Colégio Municipal João Paulo I. “Já fui com outras pessoas na prefeitura pedir, mas não conseguimos. Há anos os alunos do colégio, que têm disponível um espaço enorme, praticam esportes no cimento”, ressalta. Outra questão que deu trabalho para a instrutora foi a tentativa de demolição de um banheiro desativado, na praça C-170, que funcionava como ponto de venda de drogas, espaço para prostituição, além de espalhar mau cheiro no local. “Foi uma longa caminhada até conseguirmos resolver essa situação, tão simples”, completa.
O comerciante Rafael Moysés da Silva, um dos donos de uma vidraçaria na Avenida T-7, onde há dois anos a AMT proibiu o estacionamento, conta que sua família tentou de todas as formas conseguir um representante para ajudar a resolver a situação, mas sem êxito. “A proibição do estacionamento na T-7 trouxe grandes prejuízos para todos os comerciantes da avenida. Meu pai, que há 20 anos trabalha com comércio no local não conseguiu ninguém para ajudar”, lembra.
Burocracia
No Parque Amazônia o descaso dos vereadores é o mesmo. Segundo o presidente da associação de moradores do bairro, Célio de Carvalho Silva, com um político representando a região, a solução dos problemas fica mais fácil, rápida e não é preciso enfrentar tanta burocracia. “Hoje não há um vereador que nos represente. Mesmo com um presidente de associação de moradores é muito difícil solucionar as carências do setor”, salienta.
Célio Silva conta que o Parque Amazônia está muito carente de sinalização de trânsito, questão que ele tenta resolver há muito tempo. “Se tivéssemos um vereador, teríamos menos acidentes e o trânsito estaria melhor”, comenta. Outra briga do presidente da associação de moradores do bairro é pela ampliação do posto de saúde, que é muito pequeno.
Mobilização
O presidente do Grupo Pro-melhoramento de Campinas e Adjacência (Promecad), que agrega associações de bairros, Janivaldo Aureliano do Nascimento, de 44 anos, diz que falta mobilização dos moradores destes bairros em busca de representantes políticos. “O Jardim América, que é um bairro enorme e extremamente populoso não tem sequer um vereador que o represente na Câmara Municipal. Bairros como os da região noroeste de Goiânia possuem vários representantes. É preciso que os moradores e comerciantes se unam e busquem políticos que defendam os interesses do bairro onde vivem”, destaca.
De acordo com o jornalista e empresário Ronaldo José Coelho, que mora no Setor Nova Suíça e que já foi candidato a vereador, esses bairros, carentes de representantes, são locais que possuem toda a infraestrutura e equipamentos públicos e, por isso, grande parte da comunidade que vive neles não se preocupa com a presença de um vereador para ajudar na resolução de outros problemas como segurança pública, limpeza, iluminação. “Há infraestrutura nesses bairros, mas há outros problemas também. Esses bairros precisam de políticos que sejam da região e que tenham um diálogo focado naquilo que a comunidade está interessada”, acentua.
Desconhecidos
Ronaldo explica que a comunidade desses bairros da Região Sul vota em desconhecidos, que depois de eleitos acabam sumindo do setor. Segundo ele, essas pessoas precisam ter a opção de escolher vereadores que vivenciem o dia a dia do bairro, e vejam de perto quais são as verdadeiras necessidades da população. “O discurso desse político tem de ser favorável aos interesses específicos daquela comunidade que ele pretende representar”, enfatiza.
Camila Blumenschein
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