Goiânia e o paradão das obras
Poucos se atrevem a trocar de lado no balcão para sentir na pele a imensa dificuldade por que passam os comerciantes em Goiânia. Se já não bastasse a alta carga tributária e a crise financeira sem precedentes, tocar um negócio na capital virou atividade de risco por conta da falta de planejamento dos poderes públicos. Goiânia se transformou na cidade das obras paralisadas, dos prazos não cumpridos e do flagrante desrespeito com o cidadão que paga seus impostos regularmente.
A manhã desta quarta-feira foi marcada pela manifestação de comerciantes pelo atraso das obras do corredor T-7, no trecho entre a T-2 e a C-205. A interdição ocorreu em agosto e a previsão de término era para setembro, provocando uma queda de 60% no movimento dos clientes. Nenhum empresário, por mais criativo e perspicaz que seja, é capaz de suportar tamanha redução de lucro. Resultado: lojas fechadas e dezenas de demissões sem, por enquanto, uma luz no fim do túnel.
Motivo de vergonha
Quem não se lembra dos atrasos nos cronogramas das obras dos corredores das avenidas Universitária, T-63 e 85. E também na conclusão dos viadutos da T-63 com a 85, na Marginal Botafogo e nas GO’s 060 e 080. Também pode ser acrescentada à lista o interminável Complexo Esportivo do Estádio Olímpico, motivo de vergonha para o governo estadual, e dezenas de outras obras de médio e pequeno porte.
Muitas são as justificativas por parte das autoridades de plantão, entretanto a realidade está diretamente ligada aos frequentes atrasos no repasse dos recursos públicos – independente do dinheiro vir da União e estar disponível na conta – e falhas grotescas nos projetos técnicos das obras. No caso do corredor T-7, a empresa responsável cansou de avisar que a obra seria interrompida pela escassez de dinheiro. A paralisação no Estádio Olímpico também acontece pelo mesmo motivo.
Utopia no andar de cima
Difícil encontrar é um governante com peito para entregar à população uma obra antes do prazo estabelecido. Ou então admitir que houve falha no cronograma financeiro e pedir desculpas públicas pelos transtornos aos motoristas e aos comerciantes. Terceiro e quase impossível: discutir com as partes envolvidas a real necessidade das intervenções. Enquanto isso não acontece, que se danem aqueles que reclamam de prejuízos. O batido discurso da coletividade sobrepondo o interesse individual continuará fazendo vítimas indefesas, reféns do improviso e da falta de planejamento dos poderes públicos.
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