“Cão que ladra não morde.” Essa expressão popular faz referência às pessoas que muito falam, gritam, ameaçam e geralmente não fazem nada. É possível que você já ouviu falar sobre o Setembro Amarelo, e agora deve estar se perguntando, mas o que isso tem a ver com o dito popular? Explicarei no decorrer do texto.
Setembro Amarelo é uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio. As primeiras atividades desta mobilização aconteceram em Brasília no ano de 2014. O mês de setembro foi escolhido porque 10 é o dia Mundial de Prevenção do Suicídio. Dessa forma, o objetivo da campanha durante todo o mês é ressaltar a importância do caráter preventivo em relação ao suicídio.
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Causas
Mas o que leva uma pessoa a cometer o suicídio? Existencialmente as pessoas com pensamentos de autodestruição são aquelas que perderam o sentido da vida e se cristalizaram diante dos conflitos. Não veem mais possibilidades diante de um “mundo cinza” e experimentam uma única forma de resolver seus conflitos – se aniquilando.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 800 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano em todo o mundo. Em 2012, o suicídio foi a segunda maior causa de morte entre os 15 e 29 anos de idade. Conforme os dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, no Brasil em 2012 foram registrados 11.821 suicídios o que representa, em média, 32 mortes por dia.
Os números são alarmantes e é possível que muitas declarações de óbitos omitam informações sobre suicídio. Nesse sentido, para informar e prevenir é de fundamental importância conhecer os mitos e verdades acerca do suicídio.
Fatores de risco
A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) afirma que é importante estar atento aos fatores de risco, conhecê-los e saber como lidar com eles. Os dois principais fatores de risco são a tentativa prévia e a presença de transtorno mental, mas outros aspectos também estão diretamente ligados aos índices de suicídio: Uso de álcool e outras drogas; Desesperança e desespero; busca de sentido existencial, razão para viver, falta de habilidade de resolução de problema; Isolamento social, ausência de amigos íntimos; Possuir acesso a meios letais e impulsividade.
Ainda segundo a ABP, pacientes que tentaram suicídio previamente têm entre cinco e seis vezes mais chances de tentar suicídio novamente, caracterizando-os como um grupo de maior risco. Por isso, é preciso tratar o assunto com seriedade. No entanto, quando o tema é a prevenção ao suicídio e a luta pela vida, não podemos negligenciar o pedido de socorro diante do sofrimento existencial. O “Cão que ladra pode até não morder”, mas as pessoas que gritam por ajuda precisam de um apoio emocional. Esteja atento aos sinais, pois o suicídio não é um ato de coragem e nem algo normal. Pode ser apenas uma forma equivocada de pedir socorro.
Mitos e verdades
Para ajudar de forma efetiva conheça alguns mitos e verdades sobre o suicídio:
1 Quem fala sobre suicídio não tem coragem de se suicidar? Tem, sim, mas pode estar procurando ajuda.
2 Somente pessoas com transtornos mentais cometem suicídio? Não, o comportamento suicida pode indicar extrema infelicidade.
3 Os suicídios acontecem sem aviso prévio? Não, a maioria dos suicídios são precedidos por avisos e sinais.
4 Conversar sobre suicídio pode ser interpretado como encorajamento? Não, a maioria das pessoas que pensam em suicídio não tem com quem conversar sobre o assunto. Conversar abertamente pode apontar novas possibilidades.
Faça parte dessa campanha de conscientização, o Setembro de muitos pode continuar sedo Amarelo, não deixe que o lado cinza e escuro da vida prevaleça!
Roberto Martins Da Silva – Psicólogo Clínico
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