O dia 21 de maio deveria entrar para a história de Goiânia como a data festiva que sepultaria os tristes acontecimentos que envolveram a polêmica construção do novo Aeroporto Santa Genoveva. Mas a champanhe programada pela Infraero não foi suficiente para eliminar o gosto amargo da dúvida sobre a qualidade de uma obra que demorou mais de uma década para ficar pronta e custou quase meio bilhão de reais. O embarque para São Paulo (3 horas) e o desembarque de Palmas/TO (6 horas) representaram mais alívio do que satisfação aos passageiros.
Também pudera. Nem nos dias que antecederam a entrega definitiva da obra, o poder público conseguiu demostrar o mínimo de eficiência e planejamento. A Prefeitura de Goiânia teve de agir às pressas, como de costume, para ampliar o sistema de drenagem de águas pluviais nas vias próximas ao aeroporto depois que um temporal provocou enormes estragos na região. Tanto a sinalização como parte da pavimentação asfáltica e meio-fios precisaram ser refeitos, sem falar nos enormes prejuízos para os moradores que tiveram suas residências atingidas pelo elevado volume d’água.
Corrupção
Cenário adequado para combinar com as sucessivas paralisações e denúncias de superfaturamento apontadas pelo Tribunal de Constas da União (TCU) que envolveram a obra administrada pela Odebrecht, a rainha-mãe da propina entre as empresas brasileiras. A paralisia executiva e o emaranhado de problemas atingiram um buraco tão profundo que até mesmo a utilização de homens do Exército foi cogitada para a conclusão do aeroporto. A medida extrema acabou não sendo necessária, mas o rótulo da falta de comprometimento com o dinheiro público, inevitavelmente, vai fazer parte da história do novo Aeroporto Santa Genoveva.
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Da parte do passageiro, aquele que paga impostos regularmente e busca apenas fluidez e conforto em suas viagens, a torcida é para que todo o estoque de transtornos e irregularidades tenha ficado no passado. E que as futuras informações sobre o novo aeroporto digam respeito apenas ao alcance da meta de 6,3 milhões de passageiros por ano, o dobro da capacidade atual.
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