O “finale” da quarta temporada de “Person of Interest” foi ao ar na última terça-feira (6/5) e, apesar da baixa audiência, entregou o melhor episódio da televisão americana em 2015. Nunca antes imaginaríamos que o embate entre duas inteligências artificiais representadas por engenhosos artifícios visuais soaria tão emocionante e atrativo quanto o que se viu no s04e22 (“YHWH”).
O nome do episódio, “YHWH”, é a transcrição alfabética ocidental do tetragrama sagrado hebreu, que revela o nome Jeová, o deus dos israelitas. A referência, aí, não é tão clara. Deus seria Finch, o criador, ou a Máquina, que é criatura, mas já apresenta poderes muito maiores do que seu mentor?
Dominic
Uma trama nada interessante entre John, Dominic e Elias parecia uma quebra chata de clímax. Dominic jamais teve força suficiente para ser levado a sério como vilão e, de quebra, arrastou Elias para esse buraco da indiferença: quem realmente se importou com o que poderia acontecer com eles? Mr. Reese e Fusco talvez tenham sido colocados naquele impasse com os chefes do crime apenas para se distanciarem da trama principal. Tudo bem, essas muletas são perdoáveis.
Principalmente quando o roteiro amarrado com brilhantismo em minutos de arte se transforma em apoteose como em raras outras oportunidades na ficção. Assistimos ao primeiro diálogo direto entre Harold e Máquina desde que ele a programou para o silêncio. Nesses quatro anos de série, esse era, com certeza, um dos ávidos desejos do fã.
Welcome
No frenesi de tiros e desespero da tentativa de salvar sua criação, Harold lê numa pequena tela preta e em fontes simplórias: “Father”. O prenúncio de um arrepio que correria todo o corpo daqueles que assistiam. Momento que, enfim, explodiu quando “Welcome to the Machine”, do Pink Floyd, soou, dando boas-vindas a uma nova era.
Isso porque, em contrapartida, Samarithan executou quase à perfeição um plano de eliminar todas as pessoas “problemáticas do mundo”. E, dessa maneira (inteligente, seja dito), os roteiristas rebutaram a série, eliminando personagens outrora importantes e que, atualmente, só destoavam da complexa e intrincada história central.
Outras considerações
*Reese em parceria com a Máquina foi também uma catarse coletiva. Aquilo, sim, seria um Robocop para rivalizar com o de Paul Verhoeven.
*Root deve resgatar Control e esta deve se juntar ao grupo de Harold.
*Sarah Shahi, atriz que vive Shaw, trouxe ao mundo gêmeos no último mês de março. Assim que sua licença maternidade estiver completa, acredito que a quase-morte de Shaw chegará ao fim.
Como bônus
– Pai, me desculpe. Eu falhei com você. Não sabia como vencer. Tive que inventar novas regras. Pensei que você ia querer que eu sobrevivesse. Mas, agora, você não tem certeza. Se você pensa que eu me perdi, talvez eu deva morrer. Não vou sofrer se acabar não sobrevivendo. Obrigado por ter me criado – Máquina para Harold.
Marco Faleiro é estudante de jornalismo e já tem mais de duas mil horas de seriados assistidos – [email protected]
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