Situação desumana de pessoas que fizeram da praça sua moradia chocou a vizinhança e, através do FOLHA Z, a prefeitura prometeu agir
Preocupados com a onda de violência que não para de crescer nos noticiários, moradores e comerciantes do Jardim América pedem uma intervenção urgente do poder público na Praça Santos. Segundo proprietários de lojas na região, supostos traficantes aparecem frequentemente para aliciar os mais de dez moradores de rua que estabeleceram residência na praça.
Para Pedro, funcionário da lanchonete que é o maior alvo dos sem-teto (dormem sob seu telhado, usam as torneiras e guardam seus escassos pertences ali), o pior são a bebida e a falta de assistência social. “Na maioria, são tranquilos, quase nunca violentos. Mas os problemas são frequentes e a situação é muito triste”, relatou.
Frequentando a praça ao longo de vários dias, comprovamos a fala dos insatisfeitos: realmente vive por ali um grande grupo de pessoas em situação de extrema pobreza. A presença delas incomoda não só os comerciantes, mas também moradores que não têm coragem de levar seus filhos para se divertirem no local. Mesmo com o consenso de que não são violentos.
Mas o mais importante é que essas pessoas, com nomes, histórias e famílias, querem ser incluídas novamente na sociedade. Uma delas é Rodrigo. Tem 34 anos, é alto, simpático. Não fosse a obviedade da sua marginalidade, ele poderia tranquilamente ser o sujeito mais bem-quisto da vizinhança. Rodrigo tem quatro filhos, que às vezes as mães trazem para visitá-lo. A própria mãe ele não visita, porque sabe que só traria transtorno para a vida da pobre trabalhadora.
Quando, meses atrás, foram abordados por religiosos que prometeram internação para os dependentes, emprego, moradia e até tratamento espiritual, os “mendigos” não se continham de ansiedade e satisfação. “A gente até cortou cabelo, tomou um banho bem tomado”, contou Rodrigo. Mas nunca vieram, nada aconteceu.
Prefeitura
Acionada pelo Folha Z, a Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) foi até a Praça Santos. A equipe do Serviço Especializado de Abordagem Social (SEAS) identificou quatro homens adultos e relatou: “Eles estavam supostamente sob uso de substâncias ilícitas e agitados, impossibilitando maior contato. Contudo, solicitaram encaminhamento para comunidade terapêutica”.
A Secretaria também reiterou que retornará ao local para “garantir atenção às necessidades imediatas das pessoas atendidas, incluindo-as na rede de serviços socioassistenciais”, além de incluir a praça nas suas rotas de abordagem.
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