Tratamento para enxaqueca que não precisa de remédios
Por Fernanda Kalaoun
Existem cerca de duzentos e cinquenta tipos e subtipos de cefaleias, a conhecida dor de cabeça. Estima-se que 90% da população mundial já sofreu ou ainda sofrerá episódios de pelo menos um tipo delas. A reação natural da maioria das pessoas é tomar analgésico e pronto. Está tudo resolvido, pelo menos momentaneamente.
Por serem muito comuns, geralmente não são levadas a sério. No entanto, podem ser sinal de patologias que devem ser acompanhadas por médicos. A enxaqueca é um tipo comum de cefaleia. Atinge, na maioria, mulheres e causa muito mais transtornos que apenas dor de cabeça. Além da pontada unilateral pulsante no crânio, pode ocasionar náuseas, insônia, mau-humor e fácil irritabilidade quando o indivíduo é exposto a ruídos agudos, cheiros fortes ou muita iluminação. O trabalho é prejudicado, o sono, o apetite. Enfim, a enxaqueca pode se tornar um verdadeiro pesadelo.
A advogada Dayane Borges Silva, 29, contou que já sentiu enxaqueca por até quatro dias ininterruptos. “Antes de iniciar o tratamento que faço agora, cheguei a sentir dores por quase um mês seguido”, disse. Assim como a maioria dos pacientes, Dayane também sofre com outros sintomas. “A enxaqueca sempre me causa náuseas, péssimo humor, sensibilidade a luz e barulho. Às vezes, não consigo trabalhar e a dor é tão forte que chego a vomitar”, afirmou.
Medicação
O tratamento com remédios não é fácil. Nem todo paciente consegue se adaptar. Pode incluir antidepressivos – mesmo que a enxaqueca não seja de origem emocional – e medicação com fortes efeitos colaterais. “Fui orientada, pelo médico, a tomar um remédio tarja vermelha. Tomei por uns dez dias, não me senti bem e parei. Geralmente, tomo outro que fui receitada anos atrás e que sempre funciona. Tenho obtido resultado”, contou a advogada. “Já iniciei vários tratamentos, fiz diversos exames. Há cerca de dois meses, por orientação médica, comecei acupuntura, pilates e tenho procurado melhorar minha alimentação, ou seja, comer de 3 em 3 horas”.
Recursos manuais
Além do pilates e acupuntura, há outros tratamentos, independentes de medicações, eficazes no combate à enxaqueca. O mais recomendado por médicos e fisioterapeutas é a osteopatia craniana. No entanto, é importante que o paciente seja diagnosticado corretamente, antes do tipo de tratamento ser definido. De acordo com a fisioterapeuta Patricia Fernandes, a osteopatia craniana atua por meio de técnicas manuais com função de devolver a mobilidade, facilitar o fluxo sanguíneo e assim corrigir disfunções responsáveis por diversas sintomatologias.
“A grande vantagem da osteopatia craniana é que o alívio dos sintomas ocorre de forma natural, suave e sutil. Assim, não há efeitos colaterais, pois o próprio organismo, a partir dos estímulos dados, restabelece o equilíbrio uma vez perdido. Essa é a grande vantagem sobre o tratamento medicamentoso. Além disso, uma vez que as técnicas visam a correção mecânica, quando corrigidas as causas a sintomatologia geralmente não reincide”, informa a fisioterapeuta.
Duração
A osteopatia, no entanto, leva um pouco mais de tempo que remédios para se obter resultados. Segundo Patricia, a melhora ocorre de acordo com a causa e intensidade da enxaqueca. Mesmo assim, a fisioterapeuta afirma que em cinco semanas já se pode observar melhoras. Quanto a duração total do tratamento, Patricia diz que depende da origem do problema e do sistema afetado.“A enxaqueca possui várias causas que podem ser vasculares, neurológicas, músculo-esqueléticas – decorrentes de alterações posturais, alterações de oclusão ou outros problemas ortopédicos -, traumáticas, psíquicas – como estresse e problemas emocionais – e não raramente relacionadas ao ciclo menstrual. Por isso, não é possível precisar a duração do tratamento e, às vezes, faz-se necessário uma abordagem multidisciplinar”, disse.
Origem
A Osteopatia Craniana nasceu nos Estados Unidos. Faz parte de um sistema de avaliação e tratamento desenvolvido pelo fisioterapeuta norte-americano William Garner Sutherland. De acordo com Patricia, esse método considera o movimento dos ossos cranianos e da coluna, que acontece a partir do movimento dos líquidos, o chamado líquor, que flui entre as membranas ao redor do sistema nervoso central.
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