Da Boca Livre ao filme pornô com $$ público
Demorou quase 15 anos, mas finalmente a caixa preta da Lei Rouanet está sendo aberta para acabar, ou reduzir pelo menos, com o festival de maracutaias na área cultural. E muita gente importante do meio artístico, em sintonia com promotores de eventos, deixou suas digitais em aproximadamente 250 contratos fraudulentos, proporcionando rombo superior a R$ 180 milhões nos cofres públicos. Se a balburdia generalizada contaminou os corredores do Ministério da Cultura, o que não deve estar acontecendo no âmbito dos governos estaduais e prefeituras?
Fiscalização faz-de-conta
Não adianta tapar o sol com a peneira. A Operação Boca Livre, comandada pela Polícia Federal, Procuradoria da República e Ministério da Transparência, joga luz no faz-de-conta da fiscalização do país. Sob o pretexto de alcançar o benefício da isenção do Imposto de Renda, empresários e produtores culturais abusam de produtos fictícios, superfaturamento de valores e emissão de notas fiscais sem a realização do serviço. Numa comparação artística, a ética e o dinheiro público são tratados como duas prostitutas em filme do renomado Kid Bengala.
Crianças, índios e casamento
Você aí já se perguntou como algumas empresas conseguem a proeza de contratar shows de cantores famosos, cujos valores oscilam entre R$ 700 mil a R$ 1 milhão, para apresentações restritas a 200, 300 funcionários apenas? Isso sem falar nos desvios já comprovados para a promoção de eventos infantis, atividades indígenas e até casamento. Diante de fraudes tão grosseiras, fica difícil dimensionar a quantidade de servidores do Ministério da Cultura envolvidos em atos ilícitos.
Máfia dos shows
Enquanto a Operação Boca Livre segue investigando o telhado de vidro de muitos artistas que adoram se indignar nas redes sociais com a corrupção generalizada no país, imagine o tamanho do buraco se houvesse apuração semelhante nos ministérios do Turismo, do Esporte e seus tentáculos nos governos estaduais e prefeituras. A máfia atinge proporções semelhantes, envolvendo a contratação de shows para datas comemorativas, exposições agropecuárias, eventos culturais e esportivos.
Garganta profunda
Não há controle e muito menos parâmetro para contratar um artista, seja ele renomado ou desconhecido. O fator determinante é o QI (Quem Indica), complementado pelo IP (Interesse Político). A Boca Livre, como se vê, tem língua imensa e garganta profunda para proporcionar prazer imensurável às prostitutas do poder. Operações da Polícia Federal tentam colocar um freio no filme pornô em que se transformou a promoção de eventos de lazer e entretenimento em todo o país.
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