O governador Marconi Perillo foi o primeiro entrevistado do programa semanal que o veterano jornalista Jackson Abrão estreou na manhã do dia 20 de janeiro, veiculado no site do jornal O Popular.
Em diálogo descontraído, Marconi falou sobre o dia a dia da administração pública, sobre seu comportamento pessoal e como gestor; discorreu a respeito de suas aspirações futuras e destacou momentos críticos da administração estadual, como o caso do serial killer preso em Goiânia em 2014. “Quero ajudar o país com as experiências bem sucedidas que estamos tendo em Goiás”, afirmou, sobre projetos para o futuro.
A entrevista foi concedida no jardim do Palácio das Esmeraldas.
Atividades além da política
Gosto muito de ficar com a família, gosto muito de música. Sou apreciador da Música Popular Brasileira desde criança. Sempre ouvi Caetano Veloso, Gilberto Gil, Milton Nascimento, Chico Buarque. Ouço também o sertanejo goiano, com os quais tenho relacionamento de amizade, praticamente com todos. Gosto de assistir a filmes, gosto de leitura. Gosto de praticar esportes com as minhas filhas e minha esposa. De vez em quando, nós jogamos vôlei.
Agora, meu esporte mesmo é trabalhar. Eu tenho essa fama. Tem muitas pessoas que não gostam de mim por outras razões, muitos gostam, mas acredito que ninguém desconheça a minha fama de trabalhador. Gosto de acordar cedo, trabalho até tarde de noite.
Agenda movimentada
É vontade de ver as coisas acontecerem. Por incrível que pareça, o tempo passa muito rápido, e eu tenho uma agenda diária com dezenas de audiências e reuniões. E, mesmo assim, eu sinto que o tempo passa rápido porque as pessoas querem muito falar com o governador, e eu gosto de atender, procuro atender a todos que me procuram. Temos aqui as listas de pedidos de audiências, e eu atendo bem. O número de audiências que faço no ano até assusta: são de 10 a 15 mil audiências.
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Pedidos pitorescos
São muitos os pedidos. Mas aqui às vezes chegam pedidos para que eu ajude casamentos, para que eu entre na Igreja com a noiva. São coisas que não atendemos, não podemos atender porque não têm legalidade. Mas às vezes chega pedido do tipo: “Olha, a minha filha vai fazer 15 anos, e eu queria que o senhor desse a festa”. Então, são pedidos interessantes, pitorescos, mas que eu não posso atender por conta das limitações legais e financeiras do Estado. Mas aqui chega de tudo.
Momentos críticos da administração
O momento de maior angústia na área administrativa que eu tive foi com aquele serial killer que começou a assassinar as mulheres. A CPI do Cachoeira também foi um momento crítico, doloroso, difícil, porque havia muita injustiça, muita maldade, muita mentira envoltas naquele tema todo; e uma vontade enorme do Lula de me prejudicar, de me punir de qualquer jeito, pelo fato de eu ter avisado um dia a ele sobre o mensalão.
E depois a alegria quando eu fui à CPI, quando finalmente eu fui absolvido. Alegria quando o Ministério Público, por unanimidade, resolveu arquivar por falta de provas o procedimento. Enfim, esses momentos foram momentos tensos, mas eu tive vários outros.
Bom relacionamento com a presidente Dilma Rousseff
Olha, essa relação foi construída baseada no respeito e na reciprocidade. A presidente Dilma construiu obras importantes aqui. Ela não me prejudicou, apesar de que outras pessoas ligadas ao governo tivessem essa intenção, mas não foi uma coisa fácil. As pressões para que eu não fosse recebido, para que não tivesse uma boa relação com ela foram muito grandes. Eu só tive uma audiência individual com ela no quarto ano do meu governo e do primeiro governo dela.
E se começamos a brigar governo com governo, ou governos estaduais com municipais, ou governo estadual com federal, a população é prejudicada.
O moço da camisa azul
Surgiu assim: naquela época, outros personagens da política goiana eram muito mais conhecidos, como a senadora Lúcia Vânia, o senador Ronaldo Caiado, que estavam comigo e já tinham sido candidatos ao governo, e eu estava em meio aos dois e as pessoas não sabiam quem era o Marconi. Aí um amigo que estava nos ajudando corria à frente da camionete gritando – porque não tinha nem carro de som na época; “Olha, o Marconi é aquele ali, aquele moço da camisa azul”.
Aí eu comecei a usar camisa azul para me diferenciar dos outros. Aí colocávamos um tamborete, um caixote na camionete para eu ficar mais alto e as pessoas me verem, e foi assim que se desenvolveu. Depois acabou virando peça de marketing na campanha de 1998 e nas campanhas que se seguiram.
Sobre ser governador
Eu gosto do que eu faço. Eu me candidatei a governador quatro vezes não porque tenha obrigado os militantes e os companheiros dos partidos que me apoiam a me apoiar. Sempre foi uma coisa muito natural. Eu me candidatei porque eu gosto desse ofício. Aprendi a lidar com as pessoas, a lidar com os problemas, a procurar resolvê-los da melhor maneira possível. Então, eu gosto. Não estou cansado. Estou feliz, enfrentando problemas, mas muito feliz quando vejo as coisas acontecerem.
Aspirações futuras
O próximo passo, se depender de mim, é cuidar um pouco da minha família e ficar nos bastidores ajudando nosso Estado. Acredito que qualquer pessoa que está na atividade pública, ainda mais com a experiência que eu tenho, tem o sonho de chegar à Presidência da República. Aliás, a primeira pergunta que me fizeram no primeiro ano na escola da minha cidade foi: “Qual é o seu projeto, qual a profissão que você quer?” E eu disse: Quero ser presidente da República. Todo mundo riu.
Eu me sinto no nível dos bons administradores públicos do país, e eu preciso ter, mais uma vez, o pé na realidade, e saber que as coisas não são tão fáceis. O que eu posso fazer, o que eu poderia fazer no futuro é dar minha contribuição ao meu partido e ao meu país ajudando. Ajudando com ideias, ajudando na elaboração de planos de governo, ajudar com experiências bem sucedidas que estamos tendo aqui.
Fato marcante
Na política é, sem dúvida, a eleição de 1998. Toda aquela surpresa, toda aquela adversidade. Eu comecei com 3%, meu adversário tinha quase 80%, e em 88 dias nós viramos a eleição, vencemos por um ponto no primeiro turno, e depois vencemos no segundo turno. Sem aquela eleição, eu não estaria aqui hoje como governador.
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