O cabide, a torneira e os exemplos
Entro no elevador e o vizinho se apressa em dizer: “Êita, 105 dias sem chuva! O racionamento vem aí”. Óbvio que ele tinha acabado de acompanhar o noticiário.
Estico a conversa alegando que o período de estiagem castiga até outubro, não há como fugir dessa realidade. “Mas você viu alguns dos motivos que fizeram a crise hídrica aumentar em Goiás?”, emendei.
O vizinho arregalou os olhos com medo do rumo da conversa. Relatei a inversão de prioridades no comando da Saneago ao longo dos últimos anos.
As despesas com folha de pessoal cresceram 228% entre 2010 e 2017. Na outra ponta, os gastos com investimento caíram 35%.
Dados do Ministério da Economia, divulgados pelo jornal “O Popular”, sem entrar no mérito das investigações sobre desvios de recursos públicos.
Cabide
Sabe o que isso representa? Havia, sim, dinheiro suficiente em caixa para a construção dos famosos linhões que compensariam a escassez do rio Meia Ponte com a abundância do ribeirão João Leite.
Os moradores da Região Metropolitana de Goiânia, com ênfase para Aparecida e Trindade, não precisariam passar por tantas dificuldades nos períodos de estiagem.
O elevador chega na garagem e o vizinho, contrariado com os dados que ele desconhecia, disparou a frase que resumiu o diálogo: “Não há torneira (jorrando) que resista à força do cabide (de emprego)”.
O resgate de credibilidade da nova gestão da Saneago passa pelo incremento na aplicação dos recursos com foco no usuário. Recomendar uso comedido das reservas hídricas é o básico do básico. O bom exemplo vem de cima.
Perímetro urbano da BR-153 trava, mata e envergonha na mesma proporção
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