É de cortar o coração ver o seu largo sorriso estampado nas muitas fotografias divulgadas pela imprensa. Um jovem de bem com a vida, amoroso com aqueles que lhe cercavam. Você não merecia uma morte tão estúpida, verdadeira aberração cometida por três soldados da P2. Eles mancharam a imagem da Polícia Militar na noite da última segunda-feira. O filho executado, o pai baleado e a família dilacerada. O juiz do caso considerou a ação uma tragédia anunciada. Quantas abordagens similares já ocorreram e foram abafadas?
Assim como eu, milhões de pais neste país suplicam todos os dias para que seus filhos não atravessem o caminho de bandidos ou de cidadãos despreparados – fardados ou descaracterizados. A luta pela sobrevivência fica ainda mais inglória quando policiais decidem agir por conta própria, escolhendo a esmo em qual nuca vão atirar. O pior, Robertinho, é que em pouco tempo a sua tragédia familiar perderá espaço para outros dramas da vida real. A desastrosa invasão à casa do Residencial Vale do Araguaia, na região leste de Goiânia, nada vai mudar no comportamento dos agentes de segurança pública. Será tratado como problema pontual.
Por outro lado, um alento: os seus 16 anos de vida serviram como ponto de luminosidade para colegas de escola, amigos, familiares e a sociedade goiana. As homenagens foram sinceras e tocantes. A maior pena para os soldados Cláudio Silva, Paulo Antônio Júnior e Rogério Silva – presos preventivamente – é a certeza de que eles tiraram a vida de um cidadão de bem. Que a sua breve trajetória, Robertinho, consiga iluminar a mente de outros jovens. Já dizia o escritor Fernando Pessoa: “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”.
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