No contexto em que a mobilidade urbana carece de cuidados e requer imediata atenção, os corredores preferenciais, que privilegiam o transporte coletivo, garantem fluidez aos ônibus e agilizam o deslocamento dos passageiros, despontam como excelente opção. No entanto, o modelo atual criado pela Prefeitura de Goiânia trouxe benefícios, mas junto impôs amargos prejuízos.
Implantado do lado direito da pista, os corredores preferenciais – que desvalorizaram imóveis – colocam em risco a vida de quem precisa entrar e sair de suas garagens; fazem com que os ônibus percam velocidade ao terem que dividir espaço com os carros; colocam o motorista numa situação vulnerável, onde as multas se tornaram regra e não exceção; e dificultam o acesso dos clientes ao comércio das avenidas.
Caminhar pelas vias onde o sistema foi implantado evidencia a dimensão do golpe desferido. Centenas de lojistas estão em dificuldades financeiras e outros tantos já baixaram as portas. Mais de 150 empresas foram encerradas na T-63, cerca de 40 pontos aguardam novos inquilinos na 85 e quase todos os varejistas da T-7 já estão em desespero com o início das obras. O comércio, antes pujante, foi substituído por vitrines vazias. Perde o empresário, que vê o negócio encolher; perde o trabalhador, que é demitido; e perde a Prefeitura, que arrecada menos.
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Sem colocar em risco a mobilidade urbana, é premente que se discuta a implantação de corredores preferenciais para ônibus do lado esquerdo. São José dos Campos (SP) optou pelo modelo e preservou a economia; Campinas (SP) elegeu o sistema como o mais eficiente; e São Paulo (SP) deu preferência a um padrão menos impactante. O mesmo poderia ser feito em Goiânia, que já tem como excelente referência a Avenida Goiás.
Corredores para o transporte coletivo do lado esquerdo manterão vivo o comércio, criarão oportunidades de negócios ao longo das avenidas; farão surgir mais empregos; eliminarão os riscos de acidentes e poderão aumentar a velocidade dos ônibus que por lá circulam. Que a próxima gestão municipal esteja atenta e se mostre aberta a discutir com o setor produtivo um sistema mais adequado para Goiânia, que amanhã completa 83 anos.
José Carlos Palma Ribeiro | Presidente do Sindilojas-GO
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